Nos próximos dias 3, 4 e 5 de setembro, o Centro de Eventos do Ceará receberá o 14º Congresso Brasileiro do Algodão (CBA), o mais importante acontecimento de sua cadeia produtiva. Para que se tenha uma ideia dessa importância, basta dizer que o CBA não tem patrocínio de governos – federal ou estaduais – e tem uma programação eminentemente técnica.
O Brasil é hoje um protagonista mundial da produção e exportação de algodão. Produz 3,5 milhões de toneladas por ano e consome menos de 1 milhão de toneladas. O excedente é exportado.
Para o congresso deste ano em Fortaleza, são esperadas mais de 4 mil pessoas – os maiores produtores, os maiores compradores, os maiores exportadores, os maiores importadores e, naturalmente, os maiores e melhores técnicos e especialistas do mundo. Reparem nos números desse evento:
Do 13º CBA, realizado em agosto de 2022 em Salvador, participaram 3.500 pessoas vindas de 29 países de todos os continentes e de 23 estados brasileiros. Houve 53 empresas patrocinadoras do evento, 115 palestras que ocuparam 24 salas temáticas. Foram apresentados 176 trabalhos científicos, todos abordando os diferentes aspectos da plantação, da colheita, do armazenamento, do transporte e da comercialização do algodão no Brasil e no exterior. Todos estes números serão maiores no congresso deste ano.
A cada dois anos, o CBA é promovido pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), que anualmente escolhe uma cidade brasileira para a sua realização. Esta coluna pode informar que os melhores hotéis de Fortaleza já estão com reservas esgotadas para o período de 31 deste mês de agosto até 5 de setembro.
Uma fonte diretamente ligada à Abrapa revelou à coluna que, nos dias do congresso, mais de 20 jatinhos pousarão no aeroporto Pinto Martins e, também, no aeroporto do Grupo M. Dias Branco, no Eusébio, que é homologado pela Agência de Aviação Civil para operações noturnas, inclusive.
A empresa de tecnologia Fertsan será a única cearense a ter estande próprio no CBA. Seu sócio e diretor Luís Eugênio Pontes informou que os produtos de sua empresa – que aumenta em até 30% a produtividade das lavouras, incluindo as de algodão, soja e milho – já foram aprovadas pelas gigantes da cotonicultura brasileira, entre as quais o Grupo Maggi.
Na capa do site do CBA, está escrito o seguinte: “A bela cidade de Fortaleza será também a capital brasileira do algodão. O Congresso é uma ótima oportunidade para o produtor refinar as suas decisões estratégicas e para os expositores aumentarem a visibilidade dos seus produtos e serviços. Você não pode perder o maior evento de networking, pesquisa e tecnologia da cadeia produtiva do algodão brasileiro.”
A propósito: uma fonte da cotonicultura nacional disse à coluna que o projeto de implantação do “Algodão do Ceará” – ideia conjunta dos presidentes das federações da Indústria (Fiec) e da Agricultura (Faec) do Ceará – só prosperará se tiver escala, ou seja, se – com investimento em tecnologia para o tratamento e correção dos dolos, uso de sementes selecionadas, parceria direta com a Embrapa – for obtida uma produtividade igual ou maior do que a do Oeste da Bahia ou do Mato Grosso.
“Esse projeto tem que replicar tudo o que de correto está fazendo o Raimundo Delfino em sua fazenda Nova Agro, na Chapada do Apodi”, disse a fonte. Delfino é um agroindustrial que está verticalizando a atividade de sua Santana Textiles, que, mecanicamente, colhe, beneficia, transforma em fio e depois em tecido o algodão que planta no Leste do Ceará.
Detalhe: por causa do extraordinário índice de insolação que se registra no Ceará no segundo semestre de cada anoo, após a estação das chuvas, o novo algodão cearense – de fibra longa – alcança a mesma densidade e textura do algodão egípcio, considerado o melhor do mundo.
O governo do Estado, por meio da Secretaria do Desenvolvimento Econômico, está tentando promover um café da manhã com os grandes líderes da cadeia produtiva nacional do algodão, aos quais pretende apresentar o seu projeto de retomada da produção algodoeira cearense. Nos anos 50 e 60 do século passado, o Ceará foi protagonista do algodão brasileiro.