Fluxo de comércio do Brasil com países do Brics chega a US$ 198 bilhões

Governo brasileiro assumirá comando do bloco em 2025, e a CNI está a fazer 9 recomendações de ações prioritárias para melhorar esse comércio

No próximo dia 23, na cidade russa de Kazan, haverá mais uma reunião da cúpula do Brics, bloco que reúne o Brasil, a Rússia, a Índia, a China e a África do Sul e que terá, pela primeira vez, a presença dos seus novos sócios: Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Etiópia.

A Rússia tem a presidência do Brics, que, a partir de 2025, será ocupada pelo Brasil.

Entre os fóruns que se desenvolverão durante a reunião em Kazan, incluem-se a Aliança Empresarial de Mulheres do Brics (WBA) e o Conselho Empresarial do Brics (Cebrics), mecanismos do setor privado compostos por representantes dos países membros. Enquanto a WBA quer promover a participação econômica feminina e fomentar a cooperação entre negócios liderados por mulheres, o Cebrics prevê a melhoria do ambiente de negócios e a promoção do comércio e dos investimentos entre os membros do Brics, por meio de sugestões de políticas públicas.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) exerce o secretariado das duas frentes.

De acordo com dados levantados pela CNI com base no ComexStat, o comércio entre o Brasil e os países do Brics alcançou US$ 198 bilhões. Para melhorar o fluxo do comércio entre os membros do bloco, o setor produtivo brasileiro listou nove recomendações de ações prioritárias para a liderança do Brics, as quais são as seguintes:   

1. Promover a segurança alimentar nos países do grupo, por meio da adoção de práticas de agricultura inteligente climática e ambiental;

2. Facilitar e promover o comércio agrícola entre os países do Brics, por meio do reconhecimento mútuo de padrões sanitários, veterinários e fitossanitários;

3. Construir parcerias em tecnologias agrícolas inovadoras para a adoção de práticas de conservação de água e de aumento de produtividade;

4. Desenvolver a infraestrutura de telecomunicação entre os países do Brics, por meio da implantação de rede de cabos submarinos;

5. Avaliar a viabilidade de um fundo de financiamento no Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) para pequenas e médias empresas (PMEs);

6. Avaliar a viabilidade de implementar o BRICS PAY, projeto para estabelecer um sistema de pagamento internacional do Brics;

7. Promover a troca de experiências regulatórias no campo de tecnologia digital e criar código de ética para o uso de inteligência artificial;

8. Desenvolver em conjunto um atlas de habilidades profissionais para o setor energético do Brics, para endereçar as lacunas nas competências necessárias para novas vagas com foco na transição energética;

9. Avaliar a viabilidade de criar fundo de financiamento no NDB para energia limpa (Brics Clear Energy Fund).

Em 2025, o Brasil assumirá a presidência do Brics, seguindo o rodízio anual definido entre os membros. A expectativa é de que a liderança brasileira impulsione as agendas de cooperação, com foco em prioridades nacionais como o desenvolvimento sustentável, a segurança alimentar e a inovação tecnológica. À frente das discussões, será possível apresentar pautas de interesse do setor privado brasileiro, especialmente considerando o lançamento de políticas e programas relevantes para o setor produtivo, como o Novo PAC e o Nova Indústria Brasil (NIB).  

Representante brasileiro junto ao Cebrics, o vice-presidente de Assuntos Corporativos, Jurídico e Compliance da BRF Brasil, Bruno Ferla, reconhece os esforços da gestão atual do bloco e ressalta o compromisso do Brasil de avançar de forma significativa em áreas cruciais para o crescimento sustentável e para a integração econômica dos países membros.

“O Brasil dará continuidade a essas ações e garantirá que os progressos obtidos se tornem pilares para as ações que serão realizadas durante a presidência brasileira em 2025”, disse Bruno Ferla.