Fiec Summit 2023: o alto custo da energia eólica offshore

Nos dias 25 e 26 deste mês de outubro, a inteligência mundial acadêmica e empresarial debaterá no Centro de Eventos do Ceará a produção do Hidrogênio Verde. Um ponto a ser debatido: o alto custo da geração de energia eólica dentro do mar

Aproxima-se o Fiec Summit 2023, que, a exemplo de suas duas edições anteriores, reunirá em Fortaleza, nos próximos dias 25 e 26, a inteligência acadêmica e empresarial para um novo debate sobre a produção do Hidrogênio Verde no Brasil, com foco no Ceará, cujo governo – em parceria com a Federação das Indústrias (Fiec) e a Universidade Federal (UFC) – desenvolve o projeto de instalação de um Hub do H2V no Complexo Industrial e Portuário do Pecém. 

O Fiec Summit cresceu tanto em tão pouco tempo, que forçou sua transferência para o Centro de Eventos do Ceará, onde será realizado com transmissão ao vivo, pela internet, para o mundo todo.

Já chamado de energia do futuro, o Hidrogênio Verde tem essa denominação porque será produzido com energias renováveis, entre as quais se sobressai a eólica offshore. É aqui que surge um problema: o alto custo da geração de energia elétrica dentro do mar.

Países bem mais ricos do que o Brasil – como os nórdicos Noruega, Dinamarca e Suécia – estão reexaminando projetos que pretendiam gerar energia eólica no Mar do Norte.

No Brasil – graças a Deus e à imensa extensão do território nacional – o empresariado brasileiro e estrangeiro já admite que a melhor saída, neste momento, enquanto a ciência não produz uma tecnologia mais barata para a geração marinha, é aproveitar as áreas continentais disponíveis para a geração de energias renováveis.  Entenda-se: o Hidrogênio só será verde, se produzido com energias renováveis - solar e eólica preferencialmente.

A energia solar, que há 10 anos tinha custos proibitivos, dispõe agora de custos assemelhados aos da geração hidráulica, e isto é resultado do investimento que os governos e a iniciativa privada fizeram e seguem fazendo. 

No que tange à energia eólica, está claro – pelo menos para uma boa parte do empresariado brasileiro – que é e continuará sendo mais barato produzi-la em terra firme, e para isto o que não falta – pelo contrário, até sobram – são terrenos para a construção de parques de geração elétrica pela força dos ventos. E vento é o que o Nordeste brasileiro tem de mais disponível. 

Parêntesis: a geração de energia eólica no continente tem um lado social que é a vantagem comparativa a favor do Nordeste e dos nordestinos: áreas degradadas do semiárido podem ser, e estão sendo alugadas a investidores de projetos de geração de energia solar e eólica. O Ceará tem tirado bom proveito disso.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), Amílcar Silveira, já anunciou, por meio desta coluna, que sua entidade desenvolve um projeto que permitirá, em terras improdutivas de pequenos produtores em várias regiões do estado, a implantação de parques de energia solar. Os detalhes desse empreendimento serão em breve anunciados. 

A brasileiras Casa dos Ventos, controlada pelo cearense Mário Araripe, e a Australiana Fortescue já garantiram o fornecimento de energia solar e eólica, produzida no continente, aos seus projetos de produção de Hidrogênio Verde no Pecém. Inteligentes, as duas empresas produzirão H2V a um custo bem mais barato, uma vez que não usarão a energia eólica offshore, mas a eólica onshore, ou a solar. 

Em tempo: o Parlamento brasileiro ainda não aprovou o projeto de lei que regula a produção de energia dentro do mar, e isto é um complicador que prejudica o cronograma dos projetos. Por esta razão, está tudo atrasado, algo que vem irritando os empresários que desejam investir nessa área.

Mas não é somente para a produção de Hidrogênio Verde que servirá a energia renovável. A gigante indiana ArcelorMittal, dona da usina siderúrgica do Pecém, vem dizendo e repetindo que produzirá aço verde aqui, para o que utilizará energias renováveis que lhe fornecerão empresas brasileiras e estrangeiras que já têm parques de geração solar e eólica onshore, instalados no Ceará e noutros estados. 

Resumindo: o Fiec Summit 2023, uma ideia nascida da cabeça do presidente da Federação das Indústrias do Ceará, Ricardo Cavalcante, e do seu vice-presidente Carlos Prado, será realizado no momento certo.

O evento, com certeza, abrirá novos caminhos não só para quem pretende investir, mas para quem também atua na pesquisa, no Brasil e no resto do mundo, em torno das novas tecnologias. Assim, durante os dias 25 e 26 deste mês, como o foi nos dois anos anteriores, Fortaleza será a capital do Hidrogênio Verde.