Dessalinização: alterações no projeto reforçam sua segurança

Consórcio responsável pelo empreendimento diz que, além das ações já realizadas, novas mudanças buscam trazer mais tranquilidade às empresas de telecom que operam cabos submarinos e data centers

Além das ações já realizadas, novas mudanças buscam trazer mais "tranquilidade" às empresas de telecomunicações com cabos de internet no local

Embora não haja risco ao fornecimento de internet no país nem para a operação dos 17 cabos submarinos localizadas na Praia do Futuro, em Fortaleza, a Cagece (Companhia de Água e Esgoto do Estado do Ceará) e o consórcio Águas de Fortaleza, responsáveis pela construção da Usina de Dessalinização (Dessal), apresentaram um pacote de alterações no projeto com o objetivo de dar mais tranquilidade às empresas de telecomunicações que já têm instalações no local.

As novas alternativas foram apresentadas aos representantes das telefônicas e da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e abrangem reforço na espessura das tubulações em terra, exatamente nos pontos em que encontram os cabos de internet. Além disso, o consórcio também fará a construção de um reservatório enterrado. 

“Temos adotado técnicas e proposições, inclusive da Anatel, para dar mais segurança às empresas. Esse risco de que a planta pode derrubar a internet do país nunca existiu”, disse Neuri Freitas, presidente da Cagece, acrescentando que o consórcio já fizera outras mudanças no projeto original, como o afastamento das tubulações de captação de água dos cabos submarinos em 567 metros.

O presidente da Cagece ainda afirmou que as tubulações se cruzarão com quatro cabos em terra, mas sem risco. 

“Sabemos onde os cabos estão. Fizemos uma proposição para nesses cruzamentos colocarmos a adutora por método não destrutivo, ou seja, sem ter que escavar”, disse Neuri Freitas. 

Ainda não são considerados, pelas empresas de telecomunicações, 1.204 pontos em que as redes se cruzam com linhas de água e esgoto. 

“Como os cabos submarinos continuam numa parte em terra, já existe hoje essa quantidade de pontos que se encontram com nossas redes de água e esgoto. Ainda há 285 cruzamentos da rede de gás com os cabos, e 85 locais onde encontram as tubulações de drenagem de água de chuva da prefeitura. E nunca, em nenhum destes pontos, foi registrado algum problema”, disse Freitas.

O estudo feito pela Cagece chegou a analisar outros pontos do litoral para a implantação da Dessal, mas eles indicaram que a Praia do Futuro reúne as melhores condições para receber a planta. 

Para Renan Carvalho, presidente da SPE, quatro pontos foram primordiais para que esse local recebesse o projeto: qualidade da água; profundidade maior que 10 metros que não esteja tão distante do continente; correntes marinhas que permitam a renovação da água; e baixa presença de óleo. 

“O local não é escolhido de forma aleatória. É feito por meio de estudos”, reitera Carvalho. 

De acordo o levantamento feito pela Cagece, os custos para a construção da planta seriam bem maiores caso ela fosse implantada em outra região. Na Praia de Sabiaguaba, também em Fortaleza, o custo extra ficaria em R$ 100 milhões, devido à ligação com a rede da Cagece, localizada mais distante dessa praia. Em Cumbuco, subiria para R$ 200 milhões e no Complexo de Pecém, em São Gonçalo do Amarante, poderia chegar a R$ 1 bilhão.

“A Dessal não é onde tem mar, é onde o mar permite que ela exista. Não há como mudar. Então, apresentamos todas as alternativas dentro do possível. Nós perdemos um ano refazendo o projeto para afastamento da tubulação, como a Anatel pediu. Depois, eles apresentaram outros pontos de preocupação no continente e propusemos as alternativas para isso”, explicou Renan Carvalho.