Credit Suisse: Política fiscal é o principal risco para 2023 e 2024

Relatório do banco encaminhado aos seus clientes diz que o déficit primário crescerá no próximo ano "de forma significativa"; juros mais baixos só em 2024; relação Dívida/PIB subirá.

Atenção! O Banco Credit Suisse, em relatório sobre a economia brasileira e sua “Perspectiva Macroeconômica para 2023 e 2024” – elaborado e assinado pelos economistas Solande Srour, Rafael Castilho e Francisco Filho – assinala o seguinte, logo na primeira página, sob o título de “Resumo”:

“A Política Fiscal representa o principal risco para o Brasil nos próximos anos, com expectativa de aumento das despesas governamentais e nova regra fiscal confiável em vigor somente em 2023.”

O resumo do relatório prossegue:

“O déficit primário deve crescer de forma significativa no ano que vem;

“A inflação vem diminuindo, puxada por uma queda nos preços administrados e de commodities, mas os desafios para 2023 aumentaram;

“O próximo ciclo de afrouxamento monetário deve iniciar somente em 2024;

“O crescimento do PIB deve desacelerar em 2023, devido aos efeitos defasados da política monetária e à desaceleração nas economias dos principais parceiros comerciais do Brasil.

“Entretanto, o déficit em transações correntes deve permanecer baixo, em virtude da desaceleração da economia interna;

“Taxas de juros altos e crescimento econômico mais lento devem deteriorar a balança primária e colocar a dívida bruta novamente em tendência ascendente nos próximos anos.”

O relatório diz, ainda:

“A incorporação de despesas fora do teto de gastos, mesmo temporariamente, pode comprometer a proporção dívida/PIB;

“Com um adicional de R$ 50 bilhões a partir de 2023 por 4 anos consecutivos, a proporção dívida/PIB alcançaria 87,6% em 2030;

“Com um aumento de R$ 150 bilhões por 4 anos consecutivos a partir de 2023, essa proporção alcançará 91,7% até 2030.

“Esse cenário pode piorar ainda mais, pois dívidas mais altas afetam os juros reais e, consequentemente, o crescimento.”

Para quem pretende investir nos próximos dois anos, o que está previsto no relatório do Credit Suisse levanta o véu da cautela.