“Mais vale uma verdade incômoda do que uma mentira confortável”, disse o economista libertário Javier Milei ao apossar-se da presidência da República Argentina no último domingo, 10, em cerimônia vista por milhões de pessoas no mundo todo. Ele foi eleito, em novembro, pelo voto de 55% do eleitorado argentino.
A verdade incômoda a que ele se referiu veio na noite de terça-feira, 12, quando seu ministro da Economia, Luis Caputo, antes de fazer o anúncio das 10 primeiras medidas de um extenso pacote a ser revelado em conta gotas, advertiu:
“A situação vai piorar, mas temos de evitar a catástrofe”.
E para evitar a catástrofe, Caputo deu a conhecer a lista de amargos remédios que serão necessários para abaixar a febre do enfermo argentino, que respira por aparelhos na UTI da irresponsabilidade populista do peronismo.
O povo argentino, que elegeu Milei, foi advertido com muita antecedência de que haveria um choque, um freio de arrumação, que elevaria – como já elevou – a inflação (que saltou de 142% para 160%), os preços das mercadorias e o dólar, mas tendo o cuidado de livrar de mais castigo os 40% da população do país que estão na linha da pobreza.
Há 100 anos, a Argentina era uma das mais fortes economias do mundo.
Fecha o pano, que se abre agora para mostrar a cena brasileira, algo bem diferente do que se passa na Argentina. Aqui, em vez de conter seus gastos, o governo e seu principal partido de apoio, o PT, quer ampliar a gastança para promover o desenvolvimento econômico e social do país.
Está mais do que provado que não há o social sem o fiscal, como tem repetido o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a mais recente prova disto é o governo de Dilma Roussef, apeada do poder – em sessão que teve a presença física e atuante do então presidente do STF, Ricardo Lewandowski – por pedaladas fiscais.
Há pouco mais de uma semana, na reunião do PT que teve o próprio presidente Lula entre seus participantes, foi dito e ouvido – pelas redes sociais – que não pode haver déficit zero em 2024, sob pena de o partido perder as eleições municipais do próximo ano. Isto quer dizer que todo o PT está contra o esforço que, solitariamente, faz o ministro Haddad, do mesmo PT, de buscar zerar o déficit do Orçamento do próximo ano.
Diante do que se passa na Argentina, de onde estão vindo bons exemplos a serem seguidos pelas autoridades do governo brasileiro, seria bom, também, que os governos estaduais adotassem medidas rígidas de controle de despesas, que dessem prioridade ao equilíbrio orçamentário, gastando apenas o que arrecadam.
Não é isso o que se vê. Estados que havia anos vinham exibindo padrões eficientes de equilíbrio das contas públicas estão agora, mais uma vez, diante do descalabro fiscal, atrasando, entre outras coisas, o pagamento de fornecedores.
Parece que, em vez de caminharmos para a frente, estamos a caminhar para trás.