Um dos maiores mistérios da humanidade é a origem da vida. Os contos e parábolas sobre a criação devem ter sido as primeiras hipóteses sobre a origem da vida, talvez numa tentativa de preencher os questionamentos da nossa imaginação. A versão científica, diferentemente, é baseada em evidências e evolui a cada descoberta. Recentemente tivemos um salto na compreensão deste mistério.
Ao que se sabe atualmente, três fatores são necessários para a formação da vida: energia, água e partículas orgânicas. A definição moderna de vida vai além do ser que nasce, cresce, envelhece, reproduz e morre. Pois as estrelas fazem isso e não são consideradas seres vivos.
Um ser vivo é constituído de células. Cerca de 70% da célula é constituída por água. Acredita-se que a água veio parar em nosso planeta de duas maneiras. Na recente e menos conhecida delas, o planeta teria captado hidrogênio emitido pelo o Sol e se juntado com o oxigênio do ar para formar moléculas de H2O.
Na segunda, e mais conhecida, a água teria sido trazida pelos cometas e asteroides. Esses astros são muito ricos em gelo de água e devido à atração gravitacional, teriam colidido com a Terra nos últimos 4,5 bilhões de anos. Isso daria origem aos oceanos onde a vida teria surgido.
Teria a vida pegado carona em um asteroide vindo de um outro lugar do sistema solar ou da galáxia até aqui?
Essa hipótese é chamada de Panspermia. Para avaliar esta hipótese não poderíamos analisar um meteorito encontrado aqui na Terra, teríamos que dar um jeito de ir buscar uma amostra até o espaço. Não é fácil, pois até hoje, o único lugar que o ser humano já pisou fora da Terra foi a Lua (seis vezes). Mas nunca fomos até Marte e ainda não temos tecnologia para viajar em segurança pelo espaço percorrendo grandes distâncias.
A radiação emitida pelo Sol longe de uma atmosfera como a da Terra é muito nociva mesmo dentro de uma nave espacial. Por isso, nós enviamos sondas. Inclusive, no dia 21 de março foi anunciada uma descoberta da sonda japonesa Hayabusa 2. A sonda viajou em 2014 em direção ao asteroide Ryugu e retornou em 2020 trazendo amostra de dentro do objeto.
A pesquisa foi publicada na revista Nature, e mostrou que existiam traços de RNA, um importante componente para a vida, no interior do asteroide. Isso reforça a hipótese da Panspermia indicando que o material que formou a vida aqui na Terra pode ter vindo do espaço. Já se sabia da existência de compostos orgânicos em meteoritos que caíram no nosso planeta, mas essa foi a primeira vez que foi analisada uma amostra trazida do espaço.
Faz sentido os compostos orgânicos terem sido trazidos nos asteroides juntamente com a água, uma vez que a vida deve ter surgido na água. A vida deveria se desenvolver em condições favoráveis como as encontradas em nosso planeta. Talvez um dia possamos realmente encontrar vida fora da Terra.
Possivelmente, em uma Lua de Júpiter deve abrigar vida pelo menos microbiana. Uma vida complexa e inteligente como a nossa só deve ser encontrada em zonas habitáveis de uma estrela. Para isso, teríamos que viajar pelos menos 4,3 anos-luz de distância até a estrela mais próxima na constelação do Centauro, o que ainda não é possível com a tecnologia atual.