Hoje é dia de saudade: qual ou quem é a sua?

Hoje, Dia da Saudade, falar, escrever, lembrar é aceitar que temos saudade, somos a saudade de alguém e que tanto mais faz sentido porque deixamos legados, marcas nas histórias da vida 

Já é quase fevereiro. Alívio! A “saudade já não mata a gente”. Promessa e canção se misturam, tatuadas na história, na alma, na mente. É verdade, há quem ri, há quem chore. Há de tudo. Mas não há quem não sinta uma ou tantas faltas. Eu sinto. Paro, penso. Resisto.

E você? Qual é a sua saudade? Quem é a sua saudade? Tem jeito, resposta? Toda saudade tem sentido. 

Eu não sinto saudade. Sinto muito, muitas. Variadas saudades. Muitos jeitos, tantos motivos. Umas e outras resolvem-se com telefonema, bilhete, abraço apertado. Olhadinha no diário de adolescente, no blog de passados. Algumas não têm solução. Lembrar-se é remédio. Que sorte a nossa!

Sentir saudade é ter morada reservada na memória do nosso próprio peito. Conforto em si mesma/o. 

Aproveita esse Dia da Saudade e confessa a ti, ao mundo, a quem desejares. Assim como em mim, suas saudades te apertam o peito? Algumas são os meus melhores segredos. Outras, feridas abertas. Mais umas, a gargalhada tão cortante da alma. Abre portas, janelas. Solta-te. Liberta-nos. O peito inteiro de tanto amor. Faz transbordar. Escorre pelos olhos, às vezes vira sorriso. Sentir saudade é sintoma. Permitir-se é aconchego de espírito.

É mais que pensar na época da escola, na vizinhança esquecida, nos amores impossíveis deixados pelo caminho, nos abraços desperdiçados, não dados, nos entes perdidos. No tempo que (quase) tudo resolve, domina. Nas histórias que ficaram na pele, no coração. De outros carnavais. Das marcas que levamos, ou deixadas por nós. Das músicas, da dor de cotovelo. Do banho de chuva. Dos primos, da bodega da esquina.

Saudade é muito mais. É aquela sensação de legado próprio, interior, de travessias imaginárias entre passado, sonho e vida, num presente que se ergue feito espelho a refletir em forma de memória o vaivém no coração. Todo tempo.

Então, se hoje é dia de saudade, amanhã é fim de mês, depois, quando fevereiro chegar, passar e voltar, a chama da sua saudade continua? Para mim, a saudade, aquela que "já não mata a gente", é que nos deixa vivos, na história e na memória da vida.