É natural que em algum momento da vida as crianças apresentem ansiedade, pois é uma resposta fisiológica a uma ameaça real ou imaginária. No entanto, quando ela se torna excessiva, desadaptativa e atrapalha as atividades rotineiras, trazendo sofrimento, pode ser considerada um transtorno.
Infelizmente, a ansiedade infantil patológica é um problema crescente. Recebemos com frequência, crianças nos consultórios com sintomas que se manifestam de diferentes formas. Por essa razão é fundamental que as famílias saibam identificar e conheçam algumas estratégias para ajudar as crianças em seu processo de desenvolvimento.
1. Ansiedade de Separação
É um medo excessivo que a criança sente ao se afastar dos pais e cuidadores. É natural aparecer entre 8 meses a 24 meses de vida, porém quando persiste de forma intensa afetando o funcionamento comum das atividades pode ser considerado transtorno.
Sintomas: Choros, recusas de ir à escola, pesadelos, queixas físicas (dores de cabeça, dores de estômago) quando longe dos pais, preocupações excessivas da possível perda (morte, abandono, doença) da figura de apego.
Estratégias de Ajuda:
- Estabelecer uma Rotina Consistente: Rotinas previsíveis podem ajudar a criança a sentir-se segura;
- Exposição Gradual: Comece com separações curtas e aumente gradualmente o tempo que a criança passa longe de você;
- Objetos de Conforto: Permita que a criança leve um objeto de conforto quando estiver longe de casa;
- Reforço Positivo: Elogie e recompense a criança por comportamentos corajosos e independentes
2. Fobias Específicas
Medo intenso, irracional e desproporcional de objetos ou situações específicas. Ex: medo de animais, altura, tomar injeção, ver sangue.
Sintomas: Evitação ou reações extremas como ataques de raiva, choro excessivo, comportamento de agarrar-se ao encontrar o objeto ou situação temida.
Estratégias de Ajuda:
- Incentivar Discussão sobre Medos: Converse abertamente sobre os medos da criança e valide seus sentimentos;
- Histórias de Superação: Compartilhe histórias de outras crianças que superaram fobias semelhantes;
- Usar Técnicas de Dessensibilização: Combine a exposição gradual ao estímulo aversivo com técnicas de relaxamento.
3. Ansiedade Social
Medo intenso de situações sociais ou de desempenho. Geralmente as crianças apresentam recusa a ir à escola e preferem não sair com colegas por medo de julgamentos.
Sintomas: Timidez extrema, medo de ser julgado, evitamento de interações sociais, fracasso ao falar em público.
Estratégias de Ajuda:
- Ensinar Habilidades Sociais: Pratique habilidades de conversação e interação social através de jogos e encenações com trocas de papéis.
- Expor aos poucos à situações sociais: Comece com pequenas interações e aumente a complexidade com o tempo.
- Modelagem de Comportamento: Demonstre comportamentos sociais positivos e encoraje a criança a imitá-los.
- Encorajar Participação em Atividades: Inscreva a criança em atividades extracurriculares que a interessem.
4.Transtorno de Pânico
Surto abrupto de medo intenso ou desconforto que alcança um pico em minutos. É a forma aguda da ansiedade
Sinais Comuns: Ataques de pânico recorrentes, palpitações, falta de ar, sudoreses, tremores, náuseas...
Estratégias de Ajuda:
- Ensinar Técnicas de Respiração Controlada: Ajude a criança a aprender a controlar a respiração durante um ataque de pânico.
- Explicar o que são crises de Pânico: Ajude a criança a entender que as crises de pânico não são perigosos e passarão.
- Criar um Ambiente Seguro: Tenha um espaço tranquilo onde a criança possa ir durante um ataque de pânico. Ex: cantinho da calma, com brinquedos e objetos que acalmam a criança.
- Manter a Calma: Demonstre calma e ofereça apoio tranquilizador durante uma crise.
5. Transtorno de ansiedade generalizada (TAG)
Preocupação excessiva e incontrolável com diversas situações. É uma forma mais grave e extrema.
Sintomas: Preocupações com o futuro, irritabilidade, desempenho escolar, saúde, inquietação, fadiga.
Estratégias de Ajuda:
- Desenvolver um Plano de Resolução de Problemas: Ajude a criança a identificar soluções para suas preocupações.
- Ensinar Técnicas de Relaxamento: Pratique respiração profunda e meditação guiada.
- Criar um Diário de Preocupações: Permita que a criança escreva ou desenhe suas preocupações e discuta-as em momentos apropriados.
- Estabelecer Limites de Tempo para Preocupações: Reserve um tempo específico do dia para falar sobre preocupações, ajudando a limitar a preocupação constante.
É importante pontuar que cada criança é única, portanto, é fundamental que as famílias acolham os sentimentos dos pequenos, sem julgamento e sejam pacientes e flexíveis, ajustando as estratégias conforme necessário. Além disso, considere procurar a ajuda de um profissional especializado, se a ansiedade for severa ou persistente, para que possa ser trabalhada a prevenção, gerenciamento das emoções e suporte a família.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.