A centralidade da economia mundial se encontra na produção de conhecimento, de informação, de técnicas e de tecnologias. Para tanto, são necessárias instituições de pesquisa e ensino superior capazes de responder às demandas presentes e, muito mais que isso, inserir o país no grupo dos protagonistas mundiais, ou seja, gerador de tendências e de inovações.
Pesquisas recentes têm demonstrado que o incentivo à ciência e à tecnologia, inegavelmente, constitui-se em vetor de desenvolvimento urbano e regional. Para provar essa descoberta, poderíamos até citar os exemplos da região do Vale do Silício ou o Massachusetts Institute of Technology (MIT) nos Estados Unidos da América; mas, ficando nos casos mais populares de sucesso nacional, quem não sabe da qualidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro? Ou mesmo do Instituto Butantã, em São Paulo?
Ainda no estado paulista, as três universidades estaduais, USP, Unesp e Unicamp, são potências na produção de conhecimento e têm impacto nas condições econômico-sociais nas cidades e nas regiões onde estão instaladas. São centros consolidados que dão ao estado de São Paulo vantagens comparativas e capacidades diferenciadas de inserção no sistema econômico mundial.
Na escala nacional, as Universidades Federais e os Institutos de Educação, Ciência e Tecnologia, localizados nas centenas de cidades Brasil adentro, formam uma preciosa e pujante rede pública de desenvolvimento tecnológico e de formação de pessoas. No Ceará, por exemplo, contamos com três universidades Federais e um Instituto Federal com seus respectivos campi distribuídos em, praticamente, todas as regiões do estado.
A interiorização dessas instituições é um legado do qual jamais poderemos abrir mão. Muito pelo contrário, além do crescimento das já amadurecidas, carecemos manter e fortalecer as recém criadas.
É um fio de esperança saber que os jovens de Russas, de Crateús, de Redenção ou de Boa Viagem (e de tantas outras cidades!) podem alcançar o conhecimento mundialmente produzido através das instituições públicas em funcionamento nestes municípios. Depois de formados, tornam-se cidadãos do mundo, especialistas nas engenharias, na computação, dos recursos naturais, nas ciências médicas, nas artes e nas humanidades.
Em qualquer tempo, pergunte-me pela definição do que seja um bom governo e te direis: no mínimo, é todo aquele que não ousa cortar os recursos dos ministérios da educação ou da ciência e tecnologia.
Em momentos de crise econômica, essas instituições não são problema, mas diametralmente o oposto, elas são uma das cordas para nos tirar do fundo do poço! Lembro bem de uma tirada bem humorada de um professor muito experiente: “onde existe uma universidade, até a conversa no botequim é diferente”.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.