2022 é um ano eleitoral. Exatamente em outubro, milhões de brasileiros e brasileiras irão às urnas eletrônicas fazer valer seu pensamento político. Torna-se, desta maneira, um ano importantíssimo para a história e a geografia do país e, por tabela, para as cidades.
No segundo semestre, escolheremos os representantes estaduais para as assembleias legislativas, o governador, os representantes para o Congresso Nacional e o presidente da República.
No Brasil, o pacto federativo é frágil. O município, um dos três entes federados, é o mais vulnerável na estrutura de divisão dos recursos públicos. Dentre as 5.568 cidades, são raríssimos os casos daquelas capazes de organizar suas finanças e suas demandas sem contar com as transferências estaduais, federais e as já conhecidas emendas parlamentares (sobremaneira, as federais).
Os estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) bem caracterizam as carências urbanas nos quesitos saneamento básico, mobilidade e transporte público e moradia popular nas metrópoles, nas cidades médias e nas pequenas aglomerações. É um conjunto de problemas acumulados que não cabem nos orçamentos municipais.
Mesmo as cidades mais ricas do Brasil não têm recursos capazes de bancar sozinhas um programa habitacional ou reorganizar seu sistema de transporte urbano, sobretudo, quando nos referimos às realidades metropolitanas.
Tomemos por exemplo os desastres urbano-ambientais provocados pelas inundações em dezenas de cidades baianas. Estas urbes, tamanho o impacto do evento natural, não conseguirão se reorganizar sem a contribuição direta do estado e da União. Todas as intervenções de curto, médio e longo prazos necessitam de bilhões de reais, volume este bem distante dos orçamentos municipais.
Tristemente, parece-me que o cidadão brasileiro médio não percebeu o quão relevante é escolher representantes políticos para as cadeiras estaduais e federais. Na nossa cultura eleitoral, erroneamente, consideram-se os deputados, o governador e o presidente sujeitos distantes da realidade local, cujas suas decisões pouco importam para solucionar os problemas cotidianos da cidade.
Em realidade, muitos dos representantes podem dar as costas para os eleitores e aos problemas das cidades onde obtiveram maioria dos votos. Por esta razão, o eleitor não pode escolher qualquer um, principalmente, o leitor urbano, maioria no Brasil. Não é estratégia votar sem pensar na nossa cidade, no nosso bairro, nos nossos problemas.
Fiquemos atentos ao histórico dos que se candidatarão. É difícil construir uma receita para escolher um representante político. Entretanto, algumas perguntas são importantes para filtrarmos os candidatos e as candidatas: quais são suas ideias para a economia urbana, para o tratamento dos resíduos sólidos e o melhoramento do transporte público? Qual seu posicionamento em temas como reforma trabalhista, reforma previdenciária e reforma tributária? São temas ácidos, pouco atrativos, todavia capazes de alterar a vida de todos nós.
Muito provavelmente os vereadores e até o prefeito de sua cidade promoverão candidatos e candidatas nesta eleição. Por isso eles também se comprometem, pois avalizam candidaturas das quais esperam apoio futuro. É do jogo político partidário.
Também faz parte do jogo, o eleitor buscar outras fontes e informações e escolher seu candidato por critérios mais complexos do que uma simples indicação. Ninguém merece confiança cega. Para votar em deputado, senador, governador ou presidente, lembre-se dos problemas da sua cidade!
O ano só começou. Voltaremos a este tema em outras oportunidades.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.