Análise: Ceará mostra maturidade contra Bolívar e fica a um passo da classificação na Sul-Americana

Vovô venceu o rival boliviano por 2 a 0 na Arena Castelão e retomou liderança do Grupo C

O Ceará ficou a um passo do sonho histórico na Copa Sul-Americana. Invicto após cinco rodadas, venceu o Bolívar nesta quinta-feira (20) e reassumiu a liderança do Grupo C. Na rodada final, encara o eliminado Jorge Wilstermann, na Bolívia, e esse cenário foi construído com maturidade no 2x0.

No duelo estratégico, o elenco alvinegro realizou leituras precisas das situações do jogo e conquistou o placar com méritos. Isso porque há qualidade no 1ª colocado do Campeonato Boliviano, mas o Vovô neutralizou as principais armas e investiu nas fraquezas em diagnóstico dentro de campo.

O aspecto mental é uma das armas do time de Guto Ferreira e foi exercida dentro de casa. Principalmente ao resistir à pressão adversária após 1x0 para sacramentar o resultado com chances até de goleada, não fossem as finalizações desperdiçadas por Jael e Jorginho.

Cenários para classificação do Ceará

  • Vitória: com nove pontos, o Ceará ficará com 12 se vencer o Jorge Wilstermann. A pontuação não pode ser alcançada por nenhum dos adversários do Grupo C e garante vaga ao Vovô.
  • Empate (depende de empate ou derrota do Arsenal): se empatar, o time fica com 10. Logo, precisa que o rival argentino, o 2º colocado no Grupo C com 8 pontos, não vença o Bolívar na última rodada.
  • Derrota (depende de revés do Arsenal): nesse cenário, o Ceará pode se classificar, já que fica na liderança com nove, mais que o Arsenal, mas a mesma pontuação do Bolívar. Então, o saldo de gols definirá o classificado: hoje, o Vovô tem larga vantagem, em 4 contra -1.

Organização e precisão

O Bolívar iniciou o confronto ensaiando uma postura agressiva, com movimentações entrelinhas na frente da grande área. Sem a bola, pressionava o meio-campo e não cedia liberdade para Vizeu e Vina, as peças mais adiantadas do Ceará na formação defensiva 4-4-2.

O primeiro diagnóstico alvinegro foi pressionar a saída de bola para evitar a organização boliviana. Nesse momento, anulou a posse de bola e ficou com a maioria dos rebotes aéreos até assumir o volume diante do oponente atordoado.

Já com a bola, a leitura precisa foi a brecha no lado esquerdo da defesa visitante. Na compactação, o volante Villamil tinha dificuldade para acompanhar a velocidade de Pacheco e atrapalhava a recomposição. Após dois esboços, Lima recebeu fora da área e fez 1x0.

Resiliência e fôlego

O Bolívar tinha compreensão da necessidade do resultado. O time mudou do 4-1-4-1 para o 4-3-3 e resultou de novo encaixe da marcação alvinegra. Nesse momento, o ponto vulnerável do Ceará - as costas de Gabriel Dias - foram exploradas com perigo.

O ímpeto foi revertido com a renovação de fôlego e força física, o segundo diagnóstico de Guto. Com o rival no campo ofensivo, o Vovô se adaptou para a transição e contou com peças como Saulo, Jael e Fernando Sobral para ganhar os duelos de 1x1 propostos pela marcação.

É fato: o aspecto físico do time cearense é um trunfo a cada partida. A retomada do controle resultou no gol de Vina, em pênalti. A goleada não veio pelo desperdício, mas a vitória traz à tona o objetivo da classificação.