Com redução da Selic a 11,25%, como ficam os investimentos a partir de agora?

A redução de 0,5 p.p. já era esperada e traz mudanças não apenas nos investimentos, mas também em todos os aspectos econômico-financeiros da sociedade

Como já esperávamos, foi decidido nesta quarta-feira (31), na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), mais um ciclo de cortes na Taxa Selic - pela quinta vez consecutiva. Com isso, chegamos a uma Selic de 11,25% ao ano (a.a.) e há uma expectativa de chegarmos ao fim de 2024 com uma taxa a 9% a.a, segundo relatório do próprio Banco Central.

Este movimento não é apenas mais uma mudança na taxa de juros; a dinâmica dos investimentos e do nosso consumo em geral é alterada, e hoje vou te explicar o que fazer em meio a tudo isso e como ficam os investimentos.

DE QUE FORMA A TAXA SELIC IMPACTA NA MINHA VIDA?

A Taxa Selic é utilizada como taxa de juros aplicada à dívida pública do Brasil. No contexto governamental, cada corte na Selic alivia o orçamento do governo para pagamento da dívida pública. Com menos gastos com a dívida, sobra mais dinheiro para o país gastar em outras áreas como saúde e educação. 

Já em nosso dia a dia, a Taxa Selic serve como uma espécie de baliza para as taxas praticadas em empréstimos e financiamentos bancários. A redução dessas taxas possibilita um maior estímulo à atividade econômica em nosso país. Isso também se transforma em uma oportunidade para quem busca crédito ou tem dívidas, que podem ter suas taxas renegociadas.

Em outras palavras, o dinheiro fica mais "barato"e as pessoas começam a consumir mais, isso faz a economia aquecer.

E OS INVESTIMENTOS? COMO FICAM? 

A cada queda da Selic, a rentabilidade dos títulos pós-fixados acompanha esse movimento. Investimentos como Tesouro Selic e CDBs atrelados ao CDI, serão os primeiros a sentir esse efeito.

Já os títulos de renda fixa pré-fixados, por sua vez, terão dinâmica própria, a depender do indexador utilizado. Alguns poderão até sofrer variações na marcação a mercado, e por isso eu sempre chamo atenção dos investidores quanto a estes títulos. Quem investe nessa modalidade deve estar preparado para essas oscilações ao longo do tempo.

Na Renda Variável, há um efeito natural indireto de maior interesse nesta modalidade. Buscando uma rentabilidade melhor para sua carteira, os investidores costumam fazer essa transição quando a renda fixa passa a ter rentabilidade menor, passando a se expor mais à renda variável, será natural o movimento de alta nas ações e fundos imobiliários.

O QUE FAZER NOS INVESTIMENTOS A PARTIR DE AGORA?

Recebo diariamente lá no meu perfil do Instagram (@alberto.pompeu) questionamentos sobre o que fazer diante destas quedas seguidas na Selic. O investidor mais inexperiente pode pensar que o momento é de migrar tudo para renda variável. Mas não funciona assim! 

O movimento de queda da Taxa Selic já se iniciou meses atrás, aumentando a procura por ações e fundos imobiliários. O resultado disso pode ser percebido nas altas destes ativos que verificamos nos últimos meses.

Para esse momento, o melhor é manter a estratégia previamente definida, evitando movimentos bruscos na carteira. Ao que tudo indica, este ainda não é o último corte que o Copom deve promover na Selic neste ano. Por isso mesmo, medidas impensadas podem gerar muito mais prejuízos que benefícios aos investidores.

Mais que nunca, este é o momento em que o investidor de longo prazo deve seguir o que chamo de “estratégia do feijão com arroz”: continuar investindo normalmente, de forma equilibrada, segura e diversificada, sempre em linha com o seu perfil de investimentos.

Aqui deixo um breve resumo do que fazer em meio a estas mudanças:

  • Mantenha sua estratégia de investimentos inalterada. A queda na Selic não muda drasticamente o que você precisa fazer: investir com sabedoria e olhando sempre para o longo prazo;
  • Avalie se você está preparado para as oscilações na Renda Variável. Se for começar agora, invista aos poucos. Você precisa se sentir seguro para investir na Renda Variável;
  • Escolha sempre bons ativos e diversifique seus investimentos. Evite buscar dicas na internet de “ações do momento”. Empresas sólidas e com um histórico econômico-financeiro positivo sempre serão a melhor escolha;
  • Cuidado com as ofertas de renda fixa que possuem rentabilidade muito acima do comum. Normalmente, são investimentos que te deixarão seu dinheiro preso por muito tempo, e são emitidos por bancos/instituições que não são tão sólidas quanto as líderes de mercado;

E se você estiver guardando dinheiro na poupança, ou deixando algum valor parado lá, um aviso: A poupança ficará pior do que já é atualmente. Veja a diferença nessa simulação abaixo:

QUANTO TERIA, EM 31/12/2024, APLICANDO R$ 1.000,00, TODOS OS MESES NA RENDA FIXA?

Disclaimer: Esta matéria tem finalidade unicamente informativa, de natureza educacional e não produzida com o intuito de servir como recomendação para produtos ou estratégias de investimento.

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.