Desde o início de 2023, está mais difícil acertar projeções e planejar no ambiente de negócios. A economia brasileira vem passando por um momento que destoa do resto do mundo. Estamos com um crescimento acima da média mundial, com projeção de crescimento ajustada para cima mais uma vez, chegando a 3,2% atualmente.
A título de comparação, no segundo trimestre deste ano, o país cresceu 1,4% sobre o primeiro trimestre, colocando o Brasil na segunda posição em crescimento no mundo deste período avaliado. Muito por causa disto, também, estamos com uma taxa de desemprego de 6,6%, baixa se comparada com o mesmo período do ano passado, que estava em 7,8%. Em contrapartida, o Banco Central, pela primeira vez neste ano, elevou a taxa de juros, que está em 10,75%, projetando 11,5% para o fim do ano.
Acrescente a isso a insegurança em relação ao cumprimento da meta fiscal, que tanto tem impactado na expectativa de um novo período de bonança. Tem sido mais frequente ouvir de economistas que deve-se ter cautela quanto aos próximos dois anos, para se iniciar 2027 com baixo endividamento e um caixa elevado, especialmente para empresas de capital intensivo. Ainda podemos acrescentar nessa caldeira de variáveis a explosão do mercado de bets, que atinge seu máximo com 21 bilhões em um mês, desviando o consumo de bens, principalmente da classe média baixa, que sabemos ser o grande motor do consumo de bens do país.
Este é um momento para trabalhar bem a microeconomia, uma vez que a macroeconomia é uma variável externa e apresenta um cenário que requer cautela. Em outras palavras, vamos olhar para dentro, para a gestão, otimização de recursos, eficiência operacional, corte de gastos supérfluos, aumento da produtividade e automação de processos, investimentos mais assertivos e uso da inteligência e dados do negócio para encontrar novas oportunidades.
Em resumo, fazer mais com menos. Esta não é uma zona de conforto, definitivamente. Ambiente externo favorável deixa as empresas “gordas” e lentas, baixa nossa guarda e ficamos menos alertas. Como em toda fase de arrocho, somos provocados a aprender, nos adaptar, repensar os modelos e, assim, elevar o patamar de maturidade e performance do negócio.