'BR do Mar' pode elevar fluxo de cabotagem no Pecém em até 40% até 2022
Projeto prevê série de medidas para incentivar a ampliação e a qualidade do transporte marítimo entre portos do País. Modalidade, juntamente com o modal rodoviário, tornaria logística de grandes distâncias mais eficiente
Programado para ser votado nesta semana na Câmara dos Deputados, o Programa de Estímulo ao Transporte por Cabotagem, apelidado de "BR do Mar", objetiva aumentar a oferta e a qualidade do serviço no País. Apesar de não prever nenhum estímulo específico aos portos, os equipamentos serão beneficiados por consequência. O Porto do Pecém, vice-líder nacional em número de rotas de cabotagem, estima um crescimento da ordem de 30% a 40% no que diz respeito à movimentação de contêineres pela modalidade até o fim de 2022.
A previsão foi revelada pelo gerente de negócios portuários do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), Raul Viana. Ele aponta que o terminal tem apresentado crescimento superior a 20% em cabotagem nos últimos anos, ritmo que deve ser acelerado com a possível aprovação do projeto. "A cabotagem sempre foi muito incentivada pelo Porto do Pecém. Nós vemos na cabotagem uma forma de desenvolver a economia do Ceará", ressalta.
Mesmo sem um levantamento específico para os impactos do "BR do Mar" no terminal, Viana acredita que o Porto do Pecém tem plenas condições de acompanhar o incremento de 66% na movimentação de contêineres em âmbito nacional projetado pelo Governo Federal com o estímulo. "Se mantiver esse crescimento (de mais de 20% ao ano), com constantes investimentos em infraestrutura e superestrutura - que são guindaste, caminhões portuários, entre outros equipamentos - temos como acompanhar o crescimento em nível Brasil, até maior que 30 a 40% até o fim de 2022", destaca.
Ele ainda aponta a alta expectativa que está sendo posta na pauta. "A cabotagem já cresceu muito nos últimos anos e, com estímulo, tem muito ainda a crescer. Nós vivemos em um país continental, é preciso estimular outros modais", avalia.
Ele explica que a logística do transporte de cargas seria mais interessante com o uso da cabotagem para longas distâncias. "O transporte rodoviário é complementar ao marítimo. Seria mais eficiente os caminhões serem usados para pegar carga na indústria e levando ao porto e vice-versa do que sair aqui do Ceará para São Paulo, cruzando o País todo nas rodovias, prejudicando as estradas, aumentando o risco de acidentes, gerando engarrafamento", diz.
Projeto
O Programa de Estímulo ao Transporte por Cabotagem visa ao incremento de oferta e à qualidade do transporte; aumento da concorrência e competitividade; desburocratizar pré-requisitos para as empresas ficarem aptas a fazer o transporte; ampliar a frota de navios; e otimizar os recursos da marinha mercante. Um dos pontos considerados centrais diz respeito à obrigatoriedade de ter embarcações próprias de bandeiras brasileiras para realizar o transporte no País.
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