Com a renda crescendo menos que a inflação e o endividamento das famílias em patamares recordes, um em cada quatro brasileiros já admite que não consegue fechar as contas de cada mês, de acordo com pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) no fim de julho.
Segundo o levantamento, 19% dos entrevistados deixam alguma conta para pagar no mês seguinte, 3% recorrem a ajudas ou empréstimos para quitar os débitos, 2% precisam entrar no cheque especial para honrar os compromissos e ainda 1% paga o mínimo da fatura do cartão e deixa o saldo para depois.
A maioria ainda consegue encerrar o mês com as contas em dia, mas 44% relatam que quase sempre ficam apertados, sem conseguir economizar nada. Apenas 29% dos entrevistados afirmam chegar ao fim de quase todos os meses com alguma sobra em dinheiro. Foram entrevistados, presencialmente, 2.008 pessoas em todas as unidades da federação entre os dias 23 e 26 de julho.
Com o orçamento familiar apertado, a pesquisa indica que 60% dos brasileiros já cortaram algum gasto com lazer, 58% deixaram de comprar roupas e sapatos e 57% chegaram a desistir de viajar nas férias. Os entrevistados também reduziram o gasto com transporte particular (51%), desistiram de comprar ou reformar imóveis (50%) ou adquirir veículos (47%), e pararam de se alimentar fora de casa (45%).
Pechincha na hora de comprar
O levantamento mostra ainda que 68% dos brasileiros passaram a pechinchar na hora de comprar, sendo que 50% admitiram que têm "chorado" muito para tentar reduzir os preços. Outros 51% aumentaram o uso do cartão de crédito em 2022 e 31% confessaram que passaram a comprar fiado neste ano.
48% dos entrevistados que têm alguma dívida em aberto admitem que há parcelas em atraso. Da mesma forma, 48% dos endividados não sabem se vão conseguir honrar todos os pagamentos nos próximos 30 dias.
Piora nos últimos meses
Para 42% do total de entrevistados, a situação econômica pessoal piorou nos últimos três meses, enquanto apenas 28% enxergaram alguma melhora. Ainda assim, 56% esperam algum alívio nas finanças até o fim do ano, e somente 16% estão pessimistas para o segundo semestre.
"A pandemia de Covid-19 e uma série de outros desafios, como a guerra na Ucrânia, comprometeram a recuperação da economia e a retomada do crescimento no Brasil. A aceleração da inflação levou a um novo ciclo de aumento de juros, o que desestimulou o consumo e os investimentos", avaliou o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
"Ao menos, estamos diante de um cenário de recuperação do mercado de trabalho, com redução do desemprego e aumento do rendimento da população - o que nos dá uma perspectiva de superação, ainda que gradual, dessa série de dificuldades que as famílias estão enfrentando". concluiu.