Seguro-desemprego: pandemia e demanda represada elevam busca

De acordo com Neto Oliveira, coordenador do setor do benefício no IDT, a perspectiva é que esse número possa apresentar uma tendência de queda. Ele destacou a atuação do IDT com a Sedet e a MP da redução de salários

O aumento do número de pedidos de seguro-desemprego no Ceará, que apresentou um salto de 64,2% em abril, indica um impacto consideravelmente negativo causado pela pandemia do novo coronavírus e uma demanda reprimida de pedidos de acesso ao benefício. A perspectiva foi apresentada pelo coordenador do setor responsável pelo seguro-desemprego do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), Neto Oliveira. A expectativa é que o número de pedidos possa apresentar uma tendência de estabilização ou redução nos próximos meses segundo o especialista. 

Ao todo, foram 32.934 pedidos registrados pelo IDT no período, o que representa crescimento de 64,2% em relação a igual período do ano passado, quando houve 20.058 solicitações registradas. A evolução do dado, segundo Oliveira, é reflexo direto da redução da atividade econômica, que forçou algumas empresas a paralisar ou encerrar atividades, e também da dificuldade que as pessoas tiveram em acessar as medidas de suporte criadas pelo Governo Federal durante a pandemia. 

“Essa pandemia trouxe a percepção de que os atendimentos no mês de maio tiveram um aumento, e segue um padrão já registrado de que isso tem relação direta com o coronavírus. Mas outro fator é que o trabalhador teve dificuldade de acesso às ferramentas criadas pelo Governo Federal, então tivemos uma demanda represada muito grande”, avaliou Oliveira. 

O representante do Sine, contudo, afirmou que o Governo tem tomado decisões para tentar reduzir essa dificuldade enfrentada por quem busca o benefício. Nas últimas semanas, o IDT tem atuado em conjunto com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Governo do Estado para criar um canal paralelo para orientar e recolher a demanda das pessoas que buscam o seguro. A iniciativa de criar um canal alternativo só foi possibilitado após a publicação de uma circular do Governo Federal. 

“O IDT, junto com a Sedet, criou um canal de suporte no qual recebemos as documentações necessárias para pedir o seguro-desemprego, para que tudo seja analisado, em tempo hábil para que seja liberado o quanto antes. E em abril, tivemos 97,5% da demanda sendo resolvidos pela internet”, afirmou Oliveira.

Dificuldades
Apesar da perspectiva otimista, o coordenador do setor de seguro-desemprego do IDT apontou que a pandemia acentuou as diferenças sociais no País, o que tem dificultado a vida das pessoas mais carentes durante o processo de busca pelos benefícios sociais. Segundo ele, algumas pessoas estão recorrendo a serviços de terceiros, pagando valores indevidos, para conseguir formalizar o pedido pelo seguro. 

Como algumas pessoas não têm acesso à internet e nem estão habituadas ao ambiente digital, elas acabam pagando, sem necessidade, para fazer o requerimento. Oliveira ainda destacou a Medida Provisória do Governo Federal que permite a redução de jornada de trabalho e de salários, além da suspensão de contratos, como um fator que poderá ajudar a reduzir os pedidos pelo seguro-desemprego. 

“A demanda reprimida em abril já foi registrada em maio ou em junho, então podemos ter uma redução. E o que ajudou a diminuir o número de pedidos foi a MP da redução de jornada e salários, que tem preservado empregos”, disse.