Os setores econômicos de atividades não essenciais devem retornar ao funcionamento a partir do dia 12 de abril, com início da flexibilização do decreto de isolamento social no Ceará, conforme anunciou neste domingo (4) o governador Camilo Santana. O intuito do Governo do Estado é voltar de forma gradual para evitar recuos, informa o coordenador do plano de retomada da economia e secretário executivo de Planejamento e Orçamento do Ceará (Seplag-CE), Flávio Ataliba.
"Queremos voltar de forma responsável para que não haja retrocesso no nosso plano. Então, é uma volta realmente para não termos mais nenhum retrocesso no futuro", disse em entrevista nesta segunda-feira (5) ao Sistema Verdes Mares.
Os detalhes de como será o retorno devem ser divulgados ao longo desta semana. O comitê de Enfrentamento à Covid-19 no Ceará deve se reunir com os representantes dos setores econômicos para decidir como será a volta e se o esquema de fase, feito durante a flexibilização em 2020, será repetido.
"Vamos pensar se a ideia de fases também se coloca como algo importante, vamos conversar durante a semana com todos os setores e internamente com o governo para pensar qual a melhor estratégia".
Questionado sobre o que deve reabrir primeiro, o secretário executivo disse que o governo está considerando as categorias que estão impedidas de operar há mais tempo e está ponderando também como reabrir respeitando os protocolos de segurança contra a Covid-19.
"Temos setores que estão fechados há algum tempo, por exemplo, bares, setor de eventos, grande parte do comércio. Então, esses setores são mais afetados. Evidentemente são setores que, por outro lado, exigem mais cuidados porque provocam aglomeração. Então, nós temos que ter essa capacidade de aperfeiçoamento dos protocolos, principalmente para garantir a volta desses seguimentos. Dando prioridade, por exemplo, para aqueles que mais necessitar, se for possível, mas também olhando a questão dos protocolos e a necessidade de deixarmos a pandemia sob controle", detalha.
Frustração do comércio
O comércio estava apostando na retomada das atividades para esta segunda-feira (5), como apontado pelo presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Ceará (Fecomércio-CE), Maurício Filizola.
"A gente entende que a parada por poucos dias, para o governo se reorganizar na saúde, é necessária, mas quando se estende tanto desestrutura todo o comércio. Foi um balde de água fria", disse.
Filizola lembra que o setor tem aprendido ao longo da pandemia, observado os números e se adaptado à realidade para continuar funcionando.
"Nós trabalhamos bem, fazemos nosso dever de casa. Até porque já estamos há um ano na pandemia, não aprender com esse período seria burrice. É uma frustração, o tanto de ligação que temos recebido esses dias. Até divulgamos uma pesquisa que mostra que 71% dos empresários são contra o lockdown", ressalta.
Apesar da insatisfação, Ataliba afirma que o cenário para a retomada da economia neste ano é melhor que o de 2020.
"Em 2020, nós tínhamos praticamente toda economia fechada, inclusive a indústria também estava fechada. Agora não. O nosso ponto de partida é bem melhor, porque a indústria está funcionando, comércio de construção civil está funcionando, várias outras áreas da atividade também", explica.
Avanço na vacinação
O secretário executivo ainda destacou que outro ponto positivo que difere a flexibilização em 2021 é o início da campanha de imunização contra a Covid-19 no Estado.
"Há uma perspectiva muito positiva por conta do avanço da vacinação. Então esse cenário é muito mais confiante e consegue dar muito mais previsibilidade ao todo o encaminhamento do plano", explica.
Mais de 874 mil cearenses já foram imunizados contra o novo coronavírus até esta sexta-feira (2), conforme dados do Vacinômetro do Governo do Estado. Ao todo, já foram aplicadas mais de 1,1 milhão de doses da vacina no Ceará.