Redução sazonal na taxa de desemprego não está acontecendo, diz IBGE

"A situação se mostra desfavorável no mercado de trabalho em praticamente todas as Unidades da Federação", confirmou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE

O agravamento das condições no mercado de trabalho no País contraria até o movimento sazonal de redução na taxa de desocupação ao longo do ano. À medida que se aproxima o fim de 2015, a taxa de desemprego tenderia a diminuir, puxada pela contratação de trabalhadores temporários para atender à demanda maior de consumidores durante as festas de fim de ano. No entanto, a taxa de desemprego vem aumentando mês a mês, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta terça-feira, 24, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"A situação se mostra desfavorável no mercado de trabalho em praticamente todas as Unidades da Federação. Não é só a taxa (de desemprego) mais alta, mas é uma mudança também em função de você ter um deslocamento dessa sazonalidade na taxa da desocupação", confirmou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.

A taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua em trimestres móveis vem crescendo ininterruptamente desde o trimestre encerrado em dezembro de 2014, quando ficou em 6,5%. Em setembro de 2015, a taxa alcançou 8,9%, o resultado mais alto da série histórica iniciada em janeiro de 2012. Nos anos anteriores, a pesquisa mostrava uma tendência de queda na taxa de desocupação ao longo do ano.

A maioria dos Estados teve aumento significativo na taxa de desocupação no terceiro trimestre do ano, mas a preocupação maior é com a região Sudeste, que costuma antecipar os movimentos no mercado de trabalho que serão percebidos depois no restante do País, observou Azeredo. A taxa de desemprego no Sudeste subiu de 8,3% no segundo trimestre para 9% no terceiro trimestre. No terceiro trimestre de 2014, a taxa estava em 6,9%.

"A região Sudeste é uma das regiões mais afetadas pelo movimento no mercado de trabalho", apontou Azeredo. "Salta aos olhos esse aumento na desocupação na região Sudeste, como se fosse um efeito farol", acrescentou.

O Sudeste concentra 44% da força de trabalho do país. "Então esses 44% estão sentindo mais esse movimento do mercado de trabalho (de aumento no desemprego)", disse o coordenador do IBGE.