Poupança rende 8,07% e 'leva surra' da inflação

Perspectivas para o próximo ano também não são nada animadoras para quem investe na caderneta

Quem insistiu em permanecer com os recursos ancorados na poupança ao longo de 2015 chega ao fim do ano com sentimento de frustração. O rendimento acumulado pela caderneta até agora não foi suficiente sequer para recompor a parcela dos recursos desvalorizada pela inflação. O rendimento da poupança de janeiro a dezembro de 2015, acumulado pelas contas com aniversário dia 1º de cada mês, é de 8,07% - inferior até mesmo à inflação oficial medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) no mesmo período de 11 meses, de 9,62%, até novembro. A perda da caderneta é maior quando comparada com a inflação de 10,44%, estimativa para o IPCA de 2015, de acordo com os prognósticos de analistas e economistas do mercado financeiro.

Diz o ditado popular que não adianta chorar sobre o leite derramado. De fato, as perdas deste ano ficaram para trás, mas as perspectivas quando se olha para 2016 também não são nada animadoras.

A caderneta vai continuar rendendo juro de 0,50% ao mês, mais a TR, e pode ser atropelada mais uma vez pela inflação. Dado que a taxa básica de juros, a Selic, deve permanecer perto do nível atual de 14,25% ao ano, quando não em patamar mais alto, o rendimento da caderneta, dada a expectativa de uma TR não muito distante da que rodou este ano, não deve fugir muito dos padrões deste ano. Isso significa que, em princípio, o rendimento da poupança em 2016 poderá ser mais ajustado com a inflação de 6,64%, projetada pelos analistas e economistas do mercado financeiro para o IPCA no próximo ano.

Sangria

A caderneta de poupança registrou em novembro saldo negativo (volume de saques superiores ao de depósitos), pelo décimo mês consecutivo.

A retirada líquida de R$ 1,303 bilhão no mês ampliou o saldo negativo acumulado em 2015 para R$ 58,357 bilhões. O descompasso entre as retiradas, em alta, e os depósitos, em baixa, na poupança é atribuído por especialistas e analistas de investimento ao encolhimento de renda das pessoas, por causa da inflação alta, o que obriga à complementação do orçamento com saque de recursos da caderneta de poupança.

Outro fator seria a manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em 14,25% ao ano, que tira a atratividade da caderneta diante de outras opções, como os fundos de investimento, que remuneram com juros alinhados com a Selic.

Única opção para alguns

Ainda assim, quem tiver volume baixo de recursos para aplicação apenas por alguns meses não tem outra opção senão a caderneta. A poupança remunera o dinheiro aplicado com juro de 0,50% ao mês mais TR a cada 30 dias, sem cobrança de imposto nem taxa de administração.

O rendimento é baixo, insuficiente até em relação à inflação corrente mais elevada, mas serve para proteger parcialmente o dinheiro, contendo em parte sua desvalorização.

Quem aplica em fundo de investimento paga taxa de administração e imposto de renda, que no fim das contas, em aplicação por curto período de tempo, leva boa parte, senão a quase totalidade, do rendimento.