Consumidores observam o preço do azeite de oliva extra virgem no patamar de R$ 30 nos supermercados de Fortaleza. Contudo, a alta é global e ocorre em razão das secas que atingiram a Espanha, Portugal e Grécia, grandes produtores do óleo vegetal
Segundo o Observatório de Preços, plataforma do Ministério da Agricultura e da Alimentação voltada para monitorar as oscilações da cadeia agroalimentar, o custo do azeite disparou 63,68% em agosto deste ano, ante igual período em 2022.
Entre 17 de julho e 13 de agosto, o valor no consumo foi de 6,22 euros, o equivalente a R$ 32,82 na cotação dessa quarta-feira (13).
O economista Eldair Melo explica que as condições climáticas reduziram a produção do azeite de oliva no Exterior, enquanto há uma dependência do mercado brasileiro em relação aos países europeus para abastecimento do item. Nesse contexto de grande demanda local, o custo também acaba sendo mais pressionado no Brasil.
“O Brasil é o 2° maior importador mundial de azeite de oliva e o 7° país que mais consome esse produto*, com um consumo de 62 mil toneladas por ano, sendo somente 1% desse consumo fabricado no País. Os outros 99% são importados da Europa como Espanha, Portugal e Itália e outros da América, como Argentina, Peru e países árabes”, explica.
Melo observa que a importação desse produto segue procedimentos específicos, como obrigatoriedade de exame laboratorial, rotulagem de acordo com a norma jurídica brasileira e registro no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), medidas adotadas também para diminuir as recorrentes falsificações do alimento.
“Além do impacto da cotação do câmbio, esse mercado deverá ter o efeito da redução da safra, resultando em elevação de preços aqui no Ceará e no Brasil. Isso somente poderá ser revertido caso as chuvas aconteçam na Europa a tempo da colheita da azeitona e haja aumento na produção do azeite”, avalia.
Para o economista, com a alta dos azeites importados, poderá haver uma maior penetração da mercadoria nacional a valores mais baixos. “O comércio produtor gaúcho, que detém 80% de participação no mercado, pode ser o principal beneficiado, porém, o custo de frete entrará na conta para encarecer”, pondera.
Restaurantes no Ceará podem repassar aumento do azeite para o consumidor final
O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Ceará (Abrasel), Taiene Righetto, relata que os setor já percebeu alta de 30% no preço do azeite de oliva. “Esse insumo já é caro. Então, para a gente, foi muito pesado mesmo. O que estamos fazendo é regulando o consumo e tentando otimizar, evitando desperdício, além de procurar novas marcas”, aponta.
“Existe cada vez mais marcas importadas, inclusive chegando aqui no Brasil e no Ceará. Estamos procurando pelas mais competitivas”, completa. Taiene diz que as medidas são para evitar o repasse integral desse aumento ao consumidor final, mas não descarta alguma elevação pressionada pelo custo do azeite.
“A gente acredita que uma parte vai ser repassada, não tem como, pois não conseguimos absorver tudo, mas será o mínimo possível. Não sei ainda dizer o impacto disso em toda a cadeia, até porque estamos esperando que outros insumos aumentem por causa do diesel e da gasolina”, afirma.
*Os dados mencionados pela fonte são do Conselho Oleícola Internacional (COI).