Petrobras reduz preço do querosene de aviação: qual o impacto no preço das passagens?

Segundo especialista, reflexo deve ser observado já nos próximos dias; companhias não garantem barateamento

A Petrobras anunciou nessa sexta-feira (26) uma redução de 10,4% no preço do querosene de aviação. Esta é a segunda baixa do mês para o combustível, que já tinha caído 2,6%. Com o alívio no suprimento que mais pesa nos custos do setor, as passagens aéreas devem ficar mais em conta nos próximos dias.

Segundo o economista Alex Araújo, o segmento percebeu que os altos preços cobrados pelos bilhetes vinham afetando a demanda

Isso porque os passageiros de turismo estavam trocando o modal aéreo pelo rodoviário, enquanto os passageiros corporativos estavam substituindo as reuniões presenciais por videoconferências.

Somente em julho, o preço das passagens em Fortaleza subiu 8,55%, segundo a inflação oficial medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em um ano, a alta chega a 75,25%.

A expectativa é que eles repassem a redução como forma de estimular o aumento da demanda. Quando as empresas reduzem a oferta para compensar a baixa demanda, elas são obrigadas a parar aeronaves, gerando um custo fixo em vez de variável. O ideal é que as companhias tenham a maior parte da frota em circulação".
Alex Araújo
Economista

Araújo pontua que o "desconto" deve chegar aos consumidores de forma rápida, já nos próximos dias, tendo em vista que o querosene não é um produto que tem grande estocagem, exigindo uma compra de periodicidade menor.

Além do alívio no próprio bolso dos passageiros, ele destaca que alguns produtos específicos podem ficar mais baratos. É o caso daqueles que são transportados pelo modal aéreo e que devem ter o custo do frete reduzido com a queda no querosene.

Entre os itens incluídos, estão medicamentos e alguns alimentos mais perecíveis.

O que dizem as companhias

A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), por meio de nota, avalia que apesar da redução de 10,4% no preço do querosene "a situação de intensa volatilidade impossibilita projeção de impacto nos preços".

A entidade pontua ainda que desde julho de 2019 o combustível acumula alta de 168,7% contra incremento de 50,9% da gasolina e de 126% do diesel, conforme dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Procurada, a Gol reiterou a análise da Abear. A Azul Linhas Aéreas informou que não vai comentar o assunto.

Já a Latam pontuou, em nota, que "os preços do Querosene de Aviação (QAV) e da taxa de câmbio tem oscilado e o cenário ainda está volátil" e que por isso "é prematuro fazer qualquer projeção de queda dos preços das passagens neste momento".