Rio. A redução do poder de fogo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deverá diminuir a disponibilidade de crédito para os investimentos de longo prazo em infraestrutura num primeiro momento, mas sem uma elevação drástica nos juros para esses projetos nem escassez de fontes de financiamento para a próxima rodada de leilões de concessões planejada pelo governo.
A análise é da agência de classificação de risco Fitch, que, nesta semana, divulgou um comentário a clientes defendendo que a redução do BNDES pode ser uma oportunidade para os bancos privados.
Para Esin Celasun, diretora para o segmento de Instituições Financeiras no Brasil da Fitch, mesmo com a redução dos subsídios via juros do BNDES, a elevação no custo dos empréstimos de longo prazo tende a ser gradual.
Isso acontece, segundo justifica, porque, mesmo com menos crédito disponível, a economia está em recessão, o que faz a demanda por financiamentos também entrar em trajetória de queda, reduzindo a pressão por elevação das taxas
Atuação do BNDES
"O tamanho do BNDES diminui, mas ele continua atuando. Num cenário de economia tendo recessão, com projetos de investimento sendo reduzidos ou postergados, há uma demanda um pouco menor (por crédito)", explicou Eduardo Ribas, também diretor para o segmento de Instituições Financeiras da Fitch no Brasil. Apesar do quadro de menos crédito de longo prazo disponível, os executivos da Fitch não creem na possibilidade de faltar financiamento para as concessões que deverão ser anunciadas ainda em maio pelo governo federal. São esperadas licitações para conceder quatro trechos de rodovias federais, uma parte da ferrovia Norte-Sul e três aeroportos (Salvador, Florianópolis e Porto Alegre).
"O governo vai coordenar o pacote com a disponibilidade de crédito da principal fonte (de financiamento de longo prazo). Não será um pacote tão grande que não possa ser atendido pelo BNDES", disse Esin.