Os novos rumos do varejo e como a economia pode impactar nas vendas foram assuntos da manhã da 18ª edição do Cenários do Varejo, nesta quinta-feira (21), no Teatro RioMar Fortaleza. Idealizado pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) Fortaleza, o evento este ano traz como tema "Muito além da NRF: Conexões, Insights e Experiências que Inspiram".
Na abertura do evento, o presidente da CDL Fortaleza e anfitrião do evento, Assis Cavalcante, ressaltou a importância do Cenários do Varejo para a multiplicação de conhecimento no setor. Ele lembra que na 18ª edição, as tendências e novos caminhos mostrados na NRF (National Retail Federation), no último mês de janeiro, nos Estados Unidos, são o carro-chefe, juntamente com realidades de créditos e de cases de marcas de sucesso no mercado brasileiro, como os acessórios de moda Melissa (Grendene), Leroy Merlin e Mercado livre, entre outros.
"O cearense é destemido, ele não tem medo de fazer negócio. Então hoje, aqui, teremos muito marketplace e o apontamento de caminhos para a empregabilidade da inteligência artificial. Ou seja, como nós vamos utilizar a IA dentro de loja, como ela vai se comunicar com o nosso consumidor e como vamos usá-la para apresentar uma jornada Atrativa para o nosso consumidor, seja na loja física, seja na digital".
Assis ainda ressalta que o varejo está "entranhado na vida das pessoas, gerando também emprego e renda". "Na NRF foram mais de quatro mil pessoas participantes e temos a obrigação de trazer esses assuntos levantados lá, podendo ser discutidos aqui, como o papel do shopping center, dos e-commerces e das lojas físicas, além da convergência do varejo com as mídias sociais e como podemos investir nossas verdades de publicidade de forma mais eficiente", comentou.
Alunas do primeiro semestre de Recursos Humanos da Faculdade CDL, Ylkaren Nogueira, 20 anos, e Letícia Ranyane, 18 anos, estavam encantadas com as possibilidades de aprendizado do mercado e o networking que o evento estava proporcionando. "Saber mais sobre economia e marcado é muito importante para entender os movimentos do setor de RH dentro deste contexto de varejo", diz Ylkanren. Já Letícia ressaltou a importância de ter os valores do setor bem definidos para entender a movimentação das empresas no Estado.
Tendências trazidas da NRF 2024
O diretor de operações da Gouvêa Ecosystem, Eduardo Yamashita, apresentou diversos pontos vistos no início do ano na NRF, em Nova Iorque, envolvendo o consumo e as novas possibilidades que a inteligência artificial pode trazer na experiência de compra. Com as assistentes pessoais virtuais, o mercado acredita, segundo o especialista, que o consumidor só vai ir à loja ou supermercado se ele quiser.
A IA vai saber o que você consome, como consome e se tem ou não na sua dispensa. Assim, vai disparar um aviso e, mesmo que você não tenha pensado, os produtos que você gosta e está precisando vão chegar sozinhos em sua residência"
"Da melhoria de experiência do consumidor até a precificação do produto, em tudo a IA poderá contribuir para os negócios e essa revolução deve ocorrer rapidamente, nos próximos 20 anos, trazendo uma jornada digital totalmente personalizada."
Além disso, em outra vertente de experiência, Yamashita apresentou o case do grupo RD Saúde, dono das marcas Raia e Drogasil, como a transformação da loja em um ponto de comunicação, ou em veículos de comunicação modernos, os retail midia.
Para o varejo vender é necessário política de crédito
Em sua palestra, na manhã desta quinta-feira, 21, o superintendente de Produtos e Negócios do SPC Brasil, Marcelo Aragona, falou da importância de se ter crédito e bons pagadores para a economia do varejo. No Brasil, em janeiro, foram registrados cerca de 66 milhões de inadimplentes e no Ceará o número estava em pouco mais de 3,1 milhões.
O mercado do Ceará se destaca pela consulta. Porém, de todas as feitas este ano pelo SPC, mais de 87% ainda possui alguma restrição. "Ou seja, tem uma vontade ou uma força de consumo, mas ainda há um volume muito grande de pessoas negativadas."
Aragona aponta, então, que é importante se olhar para o modelo do programa Desenrola, que ajuda as pessoas a renegociar suas dívidas e limpar os seus nomes. "O Desenrola deve acabar, mas o estado precisa continuar com essa mentalidade, estar atento e ajudar essas pessoas a pagar suas dívidas. Assim, com certeza, teremos um grande mercado consumidor para frente. Não será um mercado consumidor que vai poder consumir grandes quantidades individualmente, mas ele crescendo, educando, dando créditos menores, se tem um crescimento sustentável a médio e longo prazo."
O superintendente do SPC Brasil reforçou muito em suas falas a importância de se oferecer créditos de tamanho adequados para os consumidores, o que também pode ser um legado do Desenrola. "Antes da ação do governo federal, 50% dos devedores voltam a rescindir no erro em 1 ano. Agora, a estimativa, conforme o comportamento de que está limpando o nome, é que a reincidência ocorra em apenas 8% dos casos."
Relação de amor com o consumidor faz marca ser sucesso
Na palestra "Amor, Hemácias e Cheirinho de Tutti Frutti: Aprendizados de vida e negócios do case Melissa", o diretor-geral da Melissa na Grendene S.A. Paulo Pedó, ressaltou a importância da marca ter o respeito e o amor do consumidor para a fidelização. Ele também comentou sobre a importância do trabalho sério das marcas, já que as redes sociais acabam tendo um papel de grande tribunal e termômetro de mercado.
"Para termos coerência, precisamos ser de uma forma, muito antes de parecer ser."
Por ser uma empresa da capital aberto, Pedó não apresentou números de representatividade da Melissa no grupo Grendene, detentora de pelo menos dez marcas. "Mas posso afirmar que é uma das principais marcas da empresa hoje, com 410 lojas abertas no Brasil e no mundo."