Além de ter recuperado todos os empregos perdidos durante a pandemia em outubro, o mercado de trabalho formal no Ceará já apresenta melhor desempenho no acumulado do ano até novembro que em igual período do ano passado. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados ontem (23) pelo Ministério da Economia, o Estado apresentou um saldo de 16,4 mil novas vagas formais em novembro, o quinto mês de saldo positivo - no ano, foram criadas 1.047 vagas.
O secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Estado, Maia Júnior, comemora os números e ressalta que o novo saldo positivo fortalece a tendência de recuperação da economia local este ano. "Foi um presente de Natal pra gente. É um resultado muito bom, bem acima das expectativas iniciais previstas, que consolida a recuperação da nossa economia durante esse ano. É muito bom não só pelo número, mas também pela certa estabilidade da recuperação em relação ao mês anterior", afirma.
Ele ainda ressalta o desempenho melhor que o ano passado no acumulado de janeiro a novembro. "É um dado bastante relevante, porque mesmo com percalço da pandemia, o Ceará conseguiu realmente surpreender. Outro aspecto relevante é a liderança regional, que o Ceará está na frente de todos os outros, inclusive Pernambuco e Bahia que têm economias mais robustas.
Mesmo com uma economia menor, estamos tendo mais poder de reação e de geração de empregos do que essas outras mais consolidadas", destaca. O saldo do Ceará em novembro, segundo o Caged, foi o maior do Nordeste, bem à frente da Bahia (13,8 mil) e de Pernambuco (13,8 mil), e a sétima do País, perdendo apenas para São Paulo (138,4 mil), Santa Catarina (33 mil), Minas Gerais (32,8 mil), Rio de Janeiro (32,6 mil), Paraná (29,8 mil) e Rio Grande do Sul (29,7 mil).
Atividades
Maia Júnior ainda acredita que dezembro deva ter um desempenho satisfatório, embora menor que o de novembro por sazonalidades históricas. "Apesar de ter uma ativação do comércio em dezembro, temos uma queda na agricultura, justamente por ser o entreposto entre a safra anterior e a próxima, e na indústria, pela tradição das férias coletivas", pontua.
Em novembro, o comércio liderou a geração de postos de trabalho formais no Estado, sendo responsável por 5,9 mil vagas, seguido de serviços (5,7 mil) e indústria (3,5 mil). Também contribuíram a construção (1 mil) e a agropecuária (103), embora em menor escala que os demais.
"O desafio agora é a gente ver como vai se comportar as reformas em 2021, como vai ficar a questão fiscal do País, porque dependemos muito ainda da questão federativa, não caminhamos só. É trabalhar para repetir o bom resultado que surpreendentemente vamos ter esse ano", afirma Maia Júnior.
Sazonalidade
Para o professor do curso de Economia Ecológica da Universidade Federal do Ceará (UFC), Aécio Alves de Oliveira, ainda é cedo para falar em uma tendência de crescimento por conta dos efeitos sazonais de fim de ano. "É uma recuperação, mas ainda temos muitas contratações temporárias, tanto que comércio e serviços estão em destaque. No início do ano, podemos voltar a ter mais desligamentos que admissões", pondera.
Ele também indica que a segunda onda de contaminação preocupa, tendo em vista que novas restrições podem frustrar as boas expectativas do setor produtivo, impactando o mercado de trabalho.