Mercado de seguros do Ceará paga R$ 1,2 bilhão em indenizações em 2023

Dados são dos primeiros nove meses do ano; no mesmo período, o setor arrecadou R$ 4,7 bilhões

São Paulo. O setor de seguros no Ceará registrou um aumento de 7,1% no pagamento de indenizações, benefícios e sorteios em 2023.

Conforme dados da Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg), o estado pagou R$ 1,2 bilhão em indenizações, excluindo plano de previdência privada e Saúde nos primeiros nove meses do ano.

No mesmo período, o setor arrecadou uma receita de R$ 4,7 bilhões, o que representou um crescimento de 1,1%.

Os dados foram apresentados em coletiva de resultados e projeções para o próximo ano, ocorrida em São Paulo na quinta-feira, 14. 

Entre os produtos que tiveram maior destaque no pagamento de indenização, o Crédito e Garantia pagou R$ 28,1 milhões, com alta de 358,8%, seguido pelo Viagem com 221,4%, totalizando R$ 2,2 milhões, e o Pecuário, com R$ 330 mil, cresceu 111,1%. 

Já entre os ramos que tiveram aumentos mais expressivos na procura, destaca-se o seguro Marítimo e Aeronáutico, que registrou um crescimento de 37,6% com um total de R$ 9,3 milhões.

A Garantia Estendida, avançou 22,1%, arrecadando R$ 57,3 milhões e o Rural, que cresceu 20,8%, atingindo a marca de R$ 19,4 milhões, com especial destaque para o Pecuário, que teve um avanço de 63,8%. Superando a marca de R$ 2,2 bilhões, a Previdência Aberta apresentou um aumento de 2,2%.

Desafios na região Nordeste

Em entrevista ao Diário do Nordeste, o presidente da CNSeg, Dyogo Oliveira, aponta a popularização do seguro com adaptação dos produtos, dos valores e da comunicação, como estratégias de crescimento do setor na região.

"O Nordeste tem sido um dos focos desse trabalho de popularização, onde se tem valores condizentes com a renda da população. Então, vamos, no próximo ano, focar muito nessa adaptação da comunicação regional, e eu, como nordestino, tenho todo interesse."

Ele relatou também que não só para a região, mas para todo o País, a entidade quer também focar em  ações para os micro e pequenos empreendedores.

"Esse é um foco que também pode dar muito certo no Nordeste, como também o seguro Rural, o Residencial, e estamos com a proposta de criação do seguro de Catástrofe, que também tem foco no Nordeste seja com cheias, enchentes, seja com secas."

Este tema Catástrofes faz parte da agenda de sustentabilidade do setor de seguros, que visa não só ter soluções para problemas causados pelas mudanças climáticas, como também servir de consultoria por conta do conhecimento em lidar com situações traumáticas.  

Dyogo relata que o seguro está sendo visto nas discussões sobre sustentabilidade como uma solução viável e eficiente para lidar com os impactos da mudança climática que já estão acontecendo.

"Temos que saber lidar com essas mudanças e o seguro é uma maneira inteligente de se recuperar danos causados e de distribuir adequadamente os recursos dentro da sociedade", comenta o presidente da CNSeg, lembrando que a proposta dessa modalidade é diluir o valor das perdas na sociedade, podendo atender aqueles que estão em situação mais vulnerável. 

No Brasil, setor do seguro tem o maior crescimento da história

A expectativa para o fechamento de 2023 é que o setor de seguros apresente um crescimento de dois dígitos, 10,4%. Esse percentual é o maior da história do setor e representa uma elevação de 1 ponto percentual (p.p.) em relação à projeção divulgada em setembro deste ano. Ao todo, o faturamento esperado é de R$ 663 bilhões. 

De janeiro a setembro deste ano, os desembolsos referentes a indenizações, despesas assistenciais, benefícios, resgates e sorteios atingiram a cifra de R$ 348,2 bilhões, 7% acima do valor devolvido à sociedade no mesmo período de 2022 (R$ 325,3 bilhões), incluindo Saúde, entre janeiro e setembro de 2023, últimos dados disponíveis.

O produto com um maior valor de pagamento foi o Crédito e Garantia (82,2%), seguido de Responsabilidade Civil (40,9%) e Planos Tradicionais (28,6%).

A arrecadação total no Brasil, no mesmo período, somando seguros, saúde complementar, contribuições em previdência privada e faturamento de capitalização, R$ 492,8 bilhões. Isso representa um crescimento de 10,4% em relação ao mesmo período do ano anterior (R$ 446,5 bilhões). 

Em setembro de 2023, a Saúde Suplementar registrou um total de 50,9 milhões de beneficiários em Planos de Assistência Médica e 32,0 milhões em Planos Exclusivamente Odontológico.

Comparado a setembro de 2022, observou-se um crescimento de 1,8%, com a adesão de 888,9 mil novos clientes nos planos médico-hospitalares. No segmento Exclusivamente Odontológico, o aumento foi de 7,8%, com a inclusão de 2,3 milhões de novos beneficiários.

Perspectivas para 2024

O presidente da CNSeg, Dyogo Oliveira, apresentou a estimativa de crescimento de 11,7% do setor segurador em 2024, considerando uma projeção de Produto Interno Bruto de 2,5%. Com isso, 2024 seria o segundo ano consecutivo de um crescimento de dois dígitos.

“O nosso maior desafio é aumentar a cobertura de segurados no Brasil. Por isso, temos colocado atenção e esforço, para fazer o benefício do seguro chegar a um número cada vez maior de pessoas”, explica. 

A entidade também estima que o setor segurador tenha uma participação de 6,2% no PIB nacional até o final do próximo ano, 0,1 p.p. a mais que o resultado observado em 2022.

Sobre temas importantes, ele avaliou como vitória o regime especial do setor que foi aprovado na reforma tributária e que deve ser regulamentado em 2024, lembrando que a formação da cultura de se ter seguro, segundo Dyogo ainda em construção, precisa deste respaldo na reforma.

Outro projeto que está em tramitação e é aguardado para ser aprovado ainda no primeiro trimestre de 2024, é o Projeto de Lei Complementar (PLC) nº 29/2017, que regulamenta a área e traz mais transparência e segurança para os consumidores. 

Além disso, o setor também está preparado para no próximo ano atuar na nova fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com garantias de conclusão de obras, por exemplo. 

Como metas do Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros (PDMS), para 2030,  a CNSeg trabalha para que se atinja 20% da população brasileira com seguros e que o setor represente 10% do PIB.

* A repórter viajou a convite da CNSeg