Levy: 'falta disposição para reformas'

Brasília. No seu último dia à frente do Ministério da Fazenda, Joaquim Levy divulgou uma mensagem de fim de ano a jornalistas na qual faz uma crítica à atuação do País no esforço fiscal, ao mesmo tempo que afirma ter feito sua parte no ajuste que propôs. Ao longo do ano, medidas de aperto fiscal propostas por Levy acabaram modificadas e abrandadas pelo Congresso Nacional. Em nota, ele disse que falta disposição do governo para reformas. "Em alguma medida, a falta de maior sinalização de disposição mais imediata de esforço fiscal por parte do Estado brasileiro também piorou as expectativas dos agentes econômicos, inibindo decisões de investimento e consumo, com reflexos negativos no nível da atividade econômica e na geração de empregos, que poderão se estender por 2016", disse.

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"Eu e minha equipe fizemos o que foi proposto em janeiro, pelo menos naquilo que dependia de nós", disse o ministro, ponderando que foi possível avançar em parceria com outros órgãos do governo e especialmente com o Congresso. "O tempo saberá mostrar os resultados que se colherão de tudo que foi feito até agora", afirma.

Levy disse ainda que chega ao fim de 2015 preocupado com a situação do País, mas mantém confiante na capacidade de recuperação da economia. "Seria uma injustiça comigo, com minha equipe e com a presidente Dilma Rousseff achar que o País enfrenta uma recessão pelo fato de termos proposto e, em alguma medida, já implementado um ajuste fiscal", disse.

Ele também afirmou que a votação da meta de superávit primário para 2016 nesta semana traz uma sinalização importante. Levy ponderou que o cumprimento da meta, aprovada sem a permissão de abatimentos, exigirá novas receitas.

Decepcionado

Levy afirmou não se sentir traído, mas "um pouco decepcionado", pois as principais medidas de aumento da justiça tributária não foram aprovadas pelo Congresso. Levy disse que, independentemente do comandante, a Fazenda tem que ter alguém de perfil técnico e arrojado.