Hapvida entra na Bolsa com alta de 22,7% e gira R$ 3,4 bi

Empresa é a segunda cearense a abrir capital. A demanda inicial por ações foi quase 7 vezes maior que a oferta

São Paulo. O Hapvida deu mais um passo para continuar investindo em melhorias e para dar início do processo de nacionalização de atividades ao abrir uma oferta pública de ações na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), ontem (25). No panorama geral, de acordo com a B3, a demanda inicial por ações foi quase 7 vezes maior do que a oferta, batendo o recorde procura dos últimos cinco anos da Bolsa. Em seu primeiro dia na Bolsa, as ações do Hapvida encerraram a sessão com valorização de 4,75%, considerando o valor de abertura (R$ 27,54) e o de fechamento (R$ 28,85). Em relação ao valor precificado (R$ 23,50), a valorização chega a 22,7%. A última negociação foi às 17h06.

> Ceará ganha espaço no mercado financeiro

A iniciativa, que liberou 93,9 milhões de tickets e tinha expectativa inicial de movimentar cerca de R$ 3,4 bilhões, foi considerada pelos executivos da companhia como ponto importante para dar continuidade ao planejamento de crescimento, mas também implica maior responsabilidade para o gerenciamento de futuro, considerando que pelo menos três fundos de investimentos internacionais participaram da operação de papéis da empresa. De acordo com o site financeiro Infomoney, a oferta - primária e secundária - movimentou R$ 3,43 bilhões, batendo a expectativa.

"Temos várias leituras. Uma representa o culminar da nossa governança, vamos ser mais cobrados, mais exigidos e isso é ótimo. Mas isso também é um estímulo para continuarmos nossa luta. E ainda temos o reconhecimento de investidores de três outros continentes que analisaram nossa empresa e resolveram confiar na gente", disse Cândido Pinheiro, fundador e presidente do conselho do Hapvida.

Cândido Pinheiro comentou também sobre a confiança dos investidores no momento em que as ações, logo no início do pregão de ontem, operavam com alta de quase 18%. Perto das 11 horas da manhã, no entanto, a B3 já indicava uma valorização de cerca de 13%, com o valor máximo de negociações chegando a R$ 27,75, considerando a oferta inicial precificada em R$ 23,50.

"Para a gente é uma alegria enorme ter uma empresa desse porte como o Hapvida abrindo capital. Isso demanda a força do Nordeste e a força de boas histórias, e a oportunidade da Bolsa ter o Hapvida como cliente para expandir o mercado de capitais é uma alegria para a B3", afirmou Gilson Finkelsztain, presidente da B3. "Esses números iniciais do trade só demonstram que essa é uma boa empresa e que todo mundo quer comprar", acrescentou o presidente da B3.

O presidente do Hapvida, Jorge Pinheiro, disse estar feliz pela alta procura pelos papéis da empresa e comentou que a abertura de capital deverá dar mais capacidade para novos investimentos nos próximos anos. Pinheiro aproveitou para ressaltar que o Hapvida tem mantido níveis de crescimento estáveis mesmo durante a crise econômica. "Ficamos surpresos com a alta demanda, mas muito felizes. Nosso modelo de negócio tem se mostrado muito resiliente e a retomada da economia também nos ajudou".

Segundo o presidente do Hapvida, a empresa deverá manter a postura dos últimos anos, investindo em expansão orgânica e inorgânica, para trazer novas tecnologias, ampliar o número de leitos e melhorar o serviço, além de buscar avanços em tecnologia da informação. No entanto, Pinheiro afirmou que a empresa não tem ainda a definição dos planos de investimentos e que vai esperar os resultados do IPO (Oferta Pública Inicial na sigla em inglês) para consolidar estratégias de onde e como o montante arrecadado será investido. "Têm variáveis que podem surgir ao longo do caminho que podem pesar para um lado ou para o outro", disse Pinheiro sobre a divisão de investimentos no Nordeste e no Sudeste.

Processo longo

O interesse de abrir capital já vinha sendo organizado há anos e culminou com entrada do Hapvida na Bolsa de Valores com valor de mercado em torno de R$ 15,8 bilhões no Novo Mercado da B3, índice que conduz as empresas ao mais elevado padrão de governança corporativa. Peça importante no processo de abertura, que começou em novembro do ano passado, com um roadshow de cerca de 20 dias, Bruno Cals, diretor financeiro do Hapvida, comentou sobre o árduo trabalho para o IPO e a perspectiva de expandir a companhia para outras regiões.

"Isso representa um marco histórico e mostra o quão eficiente é o nosso modelo. É uma oportunidade que a gente traz para a companhia para que ela vá replicando o modelo de negócios em outras regiões, além de aproveitar as oportunidade no Norte e no Nordeste, onde temos muitas estratégias de expansão. Mas certamente a companhia, nos próximos anos, deve se tornar mais nacional, com uma iniciativa que já estamos começando em Joinville com um parceiro nosso", disse Cals.

Raio-x da empresa

39 anos de atuação no mercado

3,8 milhões e clientes atendidos

25 unidades hospitalares

74 hapclínicas distribuídas

17 unidades de pronto atendimento

72 unidades de diagnóstico por imagem

67 postos de coleta laboratorial 

11 estados com rede própria no N/NE

*O repórter viajou a convite do Hapvida