Gol, Azul e Latam procuram Governo Federal para parceria em programa para baratear passagens

A informação foi dada pelo ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, que garantiu que o programa deve estar pronto até julho

O 'Voa, Brasil', como está sendo chamado um programa para vender passagens aéreas a R$ 200 para determinados públicos, será estruturado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em parceria com as empresas do setor, num trabalho que deverá estar pronto até julho. A afirmação foi feita nesta quinta-feira (16) pelo ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB).

O ministro reafirmou que foram as companhias aéreas que procuraram o Governo para propor o programa. Segundo França, a ideia das empresas é "desmitificar" a percepção pública de que as passagens são caras no País.

Após anunciar os planos na segunda-feira (13), o ministro já havia dito que a Gol e a Azul estavam participando; nesta quinta, França acrescentou que a Latam também sinalizou positivamente sobre o assunto.

França disse que o programa focaria em clientes com renda de até R$ 6,8 mil, para servidores, aposentados e pensionistas, além de estudantes com Fies. O modelo seria baseado numa espécie de "crédito consignado".

Operação

Nessa quinta-feira, França confirmou o modelo e reafirmou que o programa não incluiria recursos públicos. Questionado, o ministro disse que o papel do Governo seria apenas "organizar e divulgar" o programa. Segundo França, bancos privados e companhias aéreas não precisariam, necessariamente, de medidas do governo para oferecer crédito consignado para a venda de passagens aéreas, mas as instituições públicas, como Caixa e Banco do Brasil (BB) poderiam operar no programa.

"A proposta das empresas é trabalhar com clientes que tenham renda mensal fixa", afirmou França, ao deixar um evento promovido pela Associação Brasileiro dos Armadores de Cabotagem (Abac), no Rio.

O ministro sugeriu ainda a participação das concessionárias de aeroportos. Nesse caso, numa "segunda etapa" do programa, as administradoras dos terminais aéreos poderiam reduzir as taxas de embarque, que compõem o preço final das passagens, para ajudar no barateamento.

"Não tem sentido que as concessionárias dos aeroportos não ajudem", disse França, lembrando que o aumento do número de voos, com a ampliação da base de clientes das companhias aéreas, significaria um aumento na receita global das concessionárias com as taxas.

Aval de Lula

Segundo o ministro, uma vez que o programa tenha o desenho final, em julho, ele será apresentado à Casa Civil e ao Governo Federal como um todo. Na terça-feira (14), um dia após os planos sobre o programa virem a público, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reclamou publicamente da divulgação de propostas sem o aval do Governo. Conforme Lula, medidas propostas pelo Governo só poderiam ser anunciadas após passar pela Casa Civil.