Em decorrência da escassez de chuvas, em outubro, o nível dos reservatórios do Ceará chegou a apenas 24,79% da capacidade de armazenamento de água, impactando diretamente nos prognósticos da produção agrícola do Estado em 2014 e trazendo prejuízos principalmente para as culturas irrigadas, que enfrentam uma crise sem precedentes, inclusive com redução das áreas de plantio.
Conforme dados da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh) reproduzidos na 10ª edição do ano do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), em 22/10/2014, nos 149 açudes do Ceará, com capacidade hídrica de 18.826.921.455 metros cúbicos, havia apenas 4.659.201.027 metros cúbicos de água armazenados (24,79%). A situação mais crítica está na região dos Sertões de Crateús, que possui dez açudes e está somente com 1,30% da capacidade total.
O LSPA é produzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pelo Grupo de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias do Ceará.
Nesse contexto, a expectativa de produção para a safra de grãos do Estado, em 2014, é de 575.068 toneladas - volume 9,44% inferior à estimativa do mês anterior (635.021 1 t) e 46,21% menor frente à primeira estimativa do ano (1.069.109 t). Porém, como o ano passado foi de intensa seca, a atual safra indica que será 136,20% maior em comparação com safra cearense de grãos em 2013.
Dentre os dez produtos que integram o grupo de cereais, leguminosas e oleaginosas, apenas a fava apresentou crescimento na estimativa de produção. Alteraram negativamente o algodão herbáceo de sequeiro, amendoim, arroz de sequeiro, arroz irrigado, feijão de corda de 1a. Safra (Vigna), feijão de corda de 2a. Safra (Vigna), milho (grão), cana-de-açúcar de sequeiro e mamona.
Em relação às frutas frescas, a produção esperada em outubro é de 1.365.518 toneladas - apenas 0,05% a mais face ao mês anterior (1.364.877 t). No comparativo com o primeiro prognóstico do ano, foi constatado 0,87% de decréscimo (1.377.531 t).
Previsões otimistas
Para Regina Feitosa, coordenadora do Grupo de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias do Ceará, as projeções ainda podem ser consideradas otimistas, diante do cenário hídrico do Estado. "Apesar do Ceará ter chuvas abaixo da média em 2014, muitos municípios até tiverem uma safra boa. O maior problema foi a falta de água para encher os reservatórios. Culturas de sequeiro, na maioria dos municípios apresentaram perdas, mas no Cariri, Aurora e Brejo Santo, por exemplo, não houve perda superior a 50%", afirma.
Segundo ela, a grande redução das áreas de plantio ocorreu influenciada mais pelas previsões negativas do que de fato pela seca. "Com a notícia, em janeiro, que o ano seria de seca, muitos produtores decidiram não plantar ou plantaram menos. Mas as chuvas em 2014 no Ceará foram melhores do que em 2013. E a safra também deverá ser bem melhor", completa.
Ângela Cavalcante
Repórter