Especialistas dão dicas de como aproveitar as promoções do fim de ano sem se endividar

Especialista aponta que estar atento às ofertas, pesquisar preços com antecedência e reconhecer a real necessidade dos produtos, podem ser dicas para evitar gastos em excesso nesse período

Muitas são as tentações que os consumidores enfrentam neste período de fim de ano. Na vitrine das lojas, há propostas e ofertas que tentam atrair o olhar do público e  aguçar o desejo por consumir. A expectativa é que com a Black Friday e as compras de Natal ocorra um incremento de 5% a 8% nas vendas do comércio de Fortaleza, segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE). Mas com várias oportunidades à mostra, especialistas apontam que é preciso ter cuidado para não comprometer a renda familiar e se endividar.  

Segundo dados da pesquisa Endividamento do Consumidor de Fortaleza realizada pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Ceará (IPDC), 72% dos fortalezences estão endividados em setembro. Apesar de apresentar queda pelo segundo mês seguido, o resultado ainda está superior ao nível pré-pandemia, em março, quando a pesquisa registrava um total de 64,6%. Já em relação a setembro do ano passado, cerca de  60,1% dos fortalezenses estavam endividados.

Ainda  assim, segundo Cláudia Brilhante, diretora institucional da Fecomércio-CE, mesmo com o comércio estando em um momento de recuperação lenta pelas perdas geradas pelo período de isolamento social, o comércio está otimista para as vendas do fim de ano.  

 "A perspectiva é que tenhamos um acréscimo nas vendas, tanto na Black Friday, como nas vendas do Natal. As expectativas do comércio estão muito boas, as pessoas estão recebendo as parcelas do décimo terceiro salário, e essas parcelas normalmente fazem um maior aquecimento da economia. Além disso, nós ainda estamos com o auxílio emergencial, mesmo que tenha tido uma redução de 50%, o auxílio tem causado um aquecimento na economia", comenta.

Contudo, apesar do otimismo do comércio, é preciso estar atento ao momento. Segundo  Ricardo Coimbra, presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon), devido ao período restritivo em decorrência da pandemia da Covid-19,  muitas facetas do consumo foram restringidas e, com a liberação gradual das atividades, o ato de comprar é um fator "de realização, de desejo, de vontades" para o consumidor. No entanto, ele pontua que  os gastos exacerbados podem gerar "consequências subsequentes".  

"Se a pessoa não conseguir enxergar sua capacidade de pagamento, ela pode criar  um mundo de endividamento, que após poderá  ter dificuldades de se reorganizar.  Mesmo que os desejos tenham ficado reprimidos, nesse momento de retorno é preciso fazer isso de forma estruturada e pensada para evitar problemas no futuro", comenta.

Dicas

Para o educador financeiro, Marcus Lima, as principais dicas para não cair no endividamento é ter um bom planejamento financeiro e ter um controle entre as receitas e despesas. Ele aponta que o consumidor deve ter cuidado para não precisar recorrer aos bancos para buscar crédito.

"Primeiro a pessoa tem que ter um orçamento familiar bem planejado, daqueles recursos que serão gastos. É importante também ter cuidado com esse equilíbrio entre receitas e despesas, para que o consumidor  não vá  buscar recursos nos bancos, que têm taxas de juros muito elevadas. Mesmo com a queda da Selic para 2%, aqueles que tomam crédito, sofrem cobranças muito caras", diz.

Confira dicas para não ficar endividado:

  1. Ter um orçamento familiar bem planejado
  2. Evitar sair com cartão de crédito
  3. Priorizar usar o cartão de débito
  4. Fazer cálculos das receitas (salário) e despesas
  5. Não pedir crédito aos bancos
  6. Ter uma reserva de emergência

Compras

Além disso, Coimbra pontua que neste momento do ano, surgem "as tentações", uma vez que o comércio trabalha para atrair o consumidor às compras.  Ele aponta que estar atento às ofertas, pesquisar preços com antecedência e reconhecer a real necessidade dos produtos, podem ser dicas para evitar gastos em excesso nesse período.

Para o comércio, esse período de compras, em especial as vendas da Black Friday, irá auxiliar os lojistas na renovação dos estoques, que ficaram parados devido ao período de lockdown. Para além das promoções, o comércio também está realizando outras medidas para auxiliar o consumidor neste momento, como opções maiores de parcelamento, negociação de pagamentos e retirada dos juros.

O educador financeiro, Marcus Lima comenta que pelas restrições da pandemia, as pessoas estão consumindo mais por "impulso". Ele ressalta que existe um apelo muito grande do comércio em relação ao parcelamento  das compras nos cartões de crédito, em  várias vezes. No entanto, é preciso que as pessoas tenham consciência neste momento, de consumir apenas "aquilo que elas realmente precisam, não aquilo que elas querem".

Recursos extras

Aguardado pelos trabalhadores, o décimo terceiro salário é um recurso extra liberado no fim de cada ano, mas para Coimbra, esse recurso extra nas finanças simboliza um bom momento para reorganizar as finanças e "colocar em dias aquilo que está em atraso".

"Esse dinheiro extra traz essa possibilidade de reorganizar as finanças. É sempre importante quando receber esses recursos, procurar pagar as parcelas mais caras, aquelas operações que você paga mais juros, como cartão de crédito e cheque especial e claro, também aquelas dívidas que podem ocasionar interrupção dos serviços, como energia e água".

O educador financeiro aconselha que neste momento de liberação de recursos,  o consumidor deve aproveitar o dinheiro extra para buscar criar uma "reserva de emergência".

"Com o décimo terceiro, o ideal é que as pessoas tenham consciência e façam uma reserva emergencial, poupando e economizando um pouco. É preciso se fazer essa reserva para que quando haja alguma emergência, ou gasto pontual,  a pessoa tenha algum caixa que possa suprir essa necessidade. Infelizmente, boa parte da população não tem essa consciência", aconselha.