Encontrar o Semiárido nordestino caminhando rumo a uma economia produtiva, condizente com o que a região tem a oferecer, é encontrar rastros dos ensinamentos de Celso Furtado (1920-2004) nos dias de hoje.
A economista Tânia Bacelar exterioriza como, na década de 80, ele já apontava para um Nordeste além do tripé cana-algodão-policultura.
“O semiárido hoje procura outro rumo, então, eu diria que aí tem uma sintonia com o pensamento dele, que achava que era possível você conviver com o Semiárido e não naquele modelão que só gerava concentração de riquezas. Acho que aí ele ajuda a repensar o Semiárido de hoje e a direção que a gente está traçando, que é de outra estrutura produtiva e social”, aponta Bacelar.
São incontestáveis as contribuições do criador do BNDES e da Sudene no que tange à luta contra a desigualdade na região, potencializada pelos fortes períodos de estiagem.
“Vivemos agora uma seca sem miséria e esse era o grande sonho de Celso Furtado, porque ele não entendia como é que as pessoas morriam porque não chovia. Agora, a gente enfrentou vários anos de seca e as pessoas não morreram, nem foram pedir esmola, porque havia políticas públicas que protegem a população.Essa era uma das coisas que ele defendia”, diz a economista.
Para Bacelar, os sinais de inovação econômica do Nordeste contribuem para a diminuição da concentração de renda.
“Estamos procurando outra produção, mais condizente com o próprio potencial daquele bioma, produzir fármacos, cosméticos, agricultura de alimentos orgânica. São coisas que não existiam antes e que hoje são buscadas na direção que ele já apontava, uma outra estrutura produtiva que envolve todo mundo e não somente alguns”.
Centenário
A história do economista paraibano Celso Furtado será lembrada hoje (12) e amanhã (13) no seminário “100 Anos de Celso Furtado – Que desenvolvimento queremos para o Brasil?”, promovido pelo Observatório de Fortaleza e pela Escola Superior do Parlamento Cearense (Unipace). A transmissão se dará pelos canais da Unipace e do Observatório pelo YouTube.