O consórcio europeu formado pela Stolthaven Terminals e Global Energy Storage (GES) negocia com seis empresas do setor de energia a instalação no terminal de amônia verde no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp). Destas seis empresas, a Fortescue e a sociedade Casa dos Ventos e TotalEnergies estão com o processo mais avançado nas negociações, segundo Marcelo Schmidt, gerente-geral da Stolthaven Terminals do Brasil.
"Destes seis, eu diria que dois estão mais avançados. Acreditamos que já com um contrato é viável a construção de um tanque e com dois, daríamos já o 'start' com dois tanques", diz o executivo.
O consórcio europeu foi escolhido pelo Cipp em julho deste ano como “potencial operador” para planejar, projetar, construir e operar um terminal de amônia verde no Pecém. O empreendimento fará parte da estrutura compartilhada que será utilizada pelos produtores de amônia verde que se instalarão no Complexo a partir de 2026.
De acordo com Schmidt, no fim deste mês, o consórcio europeu vai realizar na França uma rodada de negociações com possíveis produtores de amônia verde. A iniciativa visa à assinatura dos primeiros contratos de compromisso para o uso dos tanques de armazenagem.
O executivo conversou com o Diário do Nordeste durante o Fiec Summit 2024, no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza. O evento tem como tema a cadeia de hidrogênio verde, inovação e tecnologia do Brasil, promovida pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) e pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI).
Investimento milionário
Ainda segundo ele, quatro produtores de amônia estão participando do processo da definição do operador antes mesmo da escolha do consórcio europeu pelo Cipp. Porém, no último mês, mais dois produtores também demonstraram interesse pelo projeto.
Por conta de confidencialidade de contrato, o gerente-geral da Stolthaven diz não poder revelar o tamanho do investimento, mas que seria "na casa dos milhões de Euros".
O projeto inicial deve pedir licenças ambientais e de construção para dois tanques com capacidade de 65 mil metros cúbicos. Com o crescimento da produção, a empresa prevê a construção, no futuro, de mais três tanques. Ou seja, serão cinco tanques com uma capacidade total de 325 mil metros cúbicos.
O terminal funcionará com tanques compartilhados com todos os produtores de amônia. "A ideia é que se crie um terminal que permita receber todos os futuros produtores de amônia de uma forma neutra, com as mesmas oportunidades de poderem exportar ou fazerem cabotagem", explica Schmidt.
A empresa já tem um calendário para o ano que vem, que preferiu ainda não divulgar, para que os produtores de amônia façam adesão ao contrato de prestação de serviço.
"Com essa adesão é que será decidido se serão construídos já os dois primeiros tanques ou se primeiro se faz um e depois o outro, mas as licenças de obra já serão pedidas para dois".
Quais são os próximos passos
O termo "potencial operador" está sendo usado neste caso, porque o processo está na fase de projeto. "Passamos por diversas fases de seleção e recebemos a boa notícia, em 2 de julho, que fomos os escolhidos como vencedores esse processo. Agora, estamos na fase de assinatura de um pré-contrato final", explica o representante da empresa.
Depois disso, o consórcio iniciará a fase do projeto básico de engenharia com tempo estimado em aproximadamente 9 meses. "Assim, no começo do ano que vem teremos a decisão final de investimento por parte dos produtores de amônia e o início das obras", diz Schmidt.
O empreendimento fará parte da estrutura compartilhada que será utilizada pelos produtores de amônia verde que se instalarão no Complexo do Pecém a partir de 2026.
Além dos tanques, a empresa terá as ligações até o píer 2, de onde serão feitas as embarcações da amônia para transporte e exportação.
Entenda a escolha do consórcio
Após um processo de 15 meses, a Companhia de Desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp S/A) selecionou o consórcio Stolthaven Terminals/Global Energy Storage (GES) como a “potencial operadora” para planejar, projetar, construir e operar um terminal de amônia verde no Complexo do Pecém. Ao todo foram cinco empresas convidadas a participar de um processo licitatório que culminou na escolha deste consórcio.
Para Hugo Figueirêdo, presidente da Cipp S/A, a escolha da Stolthaven Terminals após um processo rigoroso de seleção, é uma importante fase na concretização do Hub de Hidrogênio Verde do Pecém.
“Temos cumprido nosso cronograma de planejamento para conseguirmos fazer desse projeto uma realidade cada vez mais próxima, que vai mudar a vida dos cearenses e a história do Ceará”, ressalta.
O desenvolvimento de um terminal de amônia verde no Porto do Pecém atenderá à produção de hidrogênio verde e à exportação dessa produção através da amônia verde, permitindo globalmente que os mercados acessem uma das fontes mais competitivas dessa energia renovável.
O Porto do Pecém e seu acionista Porto de Roterdã formarão a rota de exportação/importação de H2V mais próxima entre a América do Sul e a Europa.
A produção estimada de hidrogênio verde do Complexo do Pecém deve chegar a 1 milhão de toneladas/ano em 2030, um potencial para atender a 25% da demanda de importação de Roterdã.
Em 2023, a Stolthaven Terminals e a GES concordaram em formar uma parceria para desenvolver e operar um terminal de exportação de hidrogênio verde e seus derivados. A Stolthaven Terminals e a GES são fornecedoras líderes de serviços de armazenagem para líquidos e gases a granel, ambas com presença global e experiência comprovada no desenvolvimento de projetos de armazenagem complexos e em grande escala.
A Stolthaven Terminals também tem uma presença local estabelecida no Brasil, com 42 anos de experiência operando como fornecedora de armazenagem no Porto de Santos (SP) com vários prêmios de clientes por seu manuseio especializado de biocombustíveis e químicos de especialidade.