Aplicativos de bancos, corretoras de investimentos e carteiras digitais tornam o acesso a serviços financeiros mais facilitados, na palma da mão. Toda essa comodidade, contudo, pode se transformar em perigo caso o usuário tenha o celular subtraído.
Muito além do prejuízo da perda do aparelho, caso não sejam tomadas medidas de cuidado, a vítima pode ter as contas bancárias invadidas. Com acesso a todas as informações pessoais necessárias em e-mails, SMS e Whatsapp, o criminoso pode realizar transferências, recuperar investimentos e mesmo pedir empréstimos em nome da vítima.
A proteção para essa situação deve ser tomada muito antes do roubo, de forma preventiva. O analista sênior de segurança da Kaspersky, Fabio Assolini, indica que todos devem buscar instalar no aparelho um aplicativo antirroubo para aumentar as possibilidades do que pode ser feito caso o celular seja perdido.
Proteção preventiva
A dica primordial para proteger as informações do aparelho no caso de roubo ou furto, segundo o especialista em segurança da ESET, Daniel Barbosa, é ter uma senha de bloqueio. Ele recomenda que também seja acionada a configuração de bloqueio de tela automático após inatividade; quanto menos tempo, melhor.
Apesar de essa ser uma importante barreira, outros cuidados são necessários. Criminosos com mais experiência podem acessar o aparelho apesar da senha em alguns minutos e, em muitas ocasiões, os ladrões aproveitam justamente momentos em que o celular está em uso para realizar o roubo.
“Quem rouba celular prefere que o celular esteja com a tela desbloqueada, são roubos furtivos. Quando você está esperando o Uber chegar, quando você está falando no celular. Essa situação é a preferida dos criminosos porque o celular está desbloqueado, tem um item a menos para se preocupar”, destaca Fabio Assolini.
Ele também indica que o usuário deve sempre manter o sistema do celular o mais atualizado possível. São nessas atualizações que o fabricante do aparelho corrige falhas e brechas que podem ser utilizadas pelo criminoso.
A proteção preventiva serve, acima de tudo, para que a vítima consiga ganhar tempo para conseguir entrar em contato com as instituições financeiras a fim de bloquear futuras transações.
Hoje a gente tem que cuidar do nosso celular tão bem quanto a gente cuida da nossa carteira. Na carteira não tenho senhas, fotos da família, e-mail. Tem que cuidar muito bem do celular e esse cuidado é antes que o roubo aconteça
Assolini ainda recomenda que se tenha instalado no aparelho um software antirroubo, oferecido por empresas de segurança como a Kaspersky. Esse tipo de programa possibilita colocar senha para abrir aplicativos específicos, como de bancos, e-mail, mensagens e Whatsapp.
“Ele permite que você proteja o aparelho e você ganhe tempo até você comunicar os bancos onde você tem conta. Se você não tiver, em questão de 20 minutos o ladrão consegue fazer uma limpa na conta. Todos os aplicativos têm uma função de ‘esqueci a minha senha’, que envia um link de redefinição por e-mail ou SMS. O ladrão tem acesso ao e-mail e SMS [com o celular em mãos], ele consegue redefinir a sua senha e acessar aplicativo do banco”, alerta.
Cuidado com senhas
Daniel Barbosa acrescenta que outro cuidado muito importante é com relação às senhas de contas. O especialista indica nunca manter essas informações guardadas em um bloco de notas no aparelho, por exemplo.
O mais perigoso é quando a vítima trata as informações de forma não adequada. De deixar autenticação salva, deixar bloco de notas com senhas, esse é o pior cenário possível. A Febraban impõe uma série de exigências para os bancos, costuma ser efetivo. Mas se você faz isso deixa as informações de bandeja
O recomendado, segundo ele, é ter uma senha diferente para cada conta. Para conseguir lembrar tudo, o especialista indica ter um cofre de senhas com proteção de criptografia; dessa forma, é necessário lembrar de apenas uma senha: a dele.
Outra dica para dificultar o acesso do ladrão às contas caso o celular seja roubado é não deixar contas logadas automaticamente. Nos aplicativos bancários, Barbosa destaca que é importante não deixar salvo previamente informações como agência, conta e CPF na página de login.
Fui roubado: e agora?
Cada minuto conta na reação da vítima após o roubo. O criminoso irá correr para tentar acessar as informações o mais rápido possível antes de um possível bloqueio, então a vítima deve se apressar para tomar as medidas necessárias.
O cuidado preventivo dará tempo a quem teve o celular roubado, retardando o trabalho do ladrão. Caso seja possível, é importante tomar ações até mesmo de forma simultânea, caso haja mais de uma pessoa para ajudar a vítima.
Caso a vítima tenha instalado um software antirroubo, é possível acessar o celular remotamente após o roubo para realizar o bloqueio ou mesmo para apagar todos os dados do aparelho. Também é possível utilizar o GPS para encontrar o dispositivo ou utilizar a câmera para tirar uma foto do ladrão por meio da câmera frontal.
Assolini reitera que o bloqueio do aparelho pode ser realizado tanto no Android como no iOS por meio do android.com/find e do icloud.com. Segundo ele, contudo, essa função nativa pode ser driblada pelo ladrão.
“Alguns grupos conseguem bloquear o aparelho de tal forma que esse antirroubo do iOS e do Android o comando não chegue. Tem grupos que quando roubam o aparelho imediatamente colocam em modo avião. Corta automaticamente comunicação para que o comando de bloquear aparelho não chegue”, coloca.
Primeiros passos
- Apagar todas as informações do dispositivo. Isso pode ser feito tanto por meio de um software especializado como por meio das funções nativas do Android ou iOS.
- Entrar em contato com as instituições bancárias para bloquear possíveis transações financeiras.
- Ligar para a operadora para realizar o bloqueio do chip e do aparelho por meio do código IMEI.
- Realizar a troca de senha de redes sociais, e-mail e outras contas que estavam logadas no celular.
- Registrar boletim de ocorrência.