A medida de aumentar a taxação de importação para proteger a indústria siderúrgica brasileira, que entra em vigor nesta segunda-feira (1º), pode contribuir para impulsionar a produção e as exportações no Ceará.
Para impedir o avanço do aço chinês no mercado nacional, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) antecipou o fim da redução da tarifa de importação de 12 produtos, retomando as alíquotas de 9,6% a 12,8%.
Para se ter ideia, no Ceará, o ferro e o aço lideram as exportações, totalizando US$ 750,2 milhões até agosto deste ano, conforme dados do Comex Stat, plataforma do Ministério da Indústria, Comércio e Relações Exteriores.
Em visita à redação do Sistema Verdes Mares (SVM), na manhã da última sexta-feira (29), o ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, disse ter havido “uma pequena queda [de custo] na China e eles começaram a exportar muito”. Por essa razão, justificou, adotaram a medida protecionista.
No mesmo dia, na sede da Federação das Indústrias do Estado (Fiec), o presidente da instituição, Ricardo Cavalcante, informou que a Gerdau avaliava o fechamento no Ceará, ameaçando o emprego de 600 pessoas. Todavia, graças à medida, afirmou, a empresa teria decidido ficar. O Diário do Nordeste pediu o posicionamento da companhia sobre o caso e aguarda reposta.
Pressão do mercado
O economista e professor da Universidade de Fortaleza (Unifor), Ricardo Coimbra, explica que, diante da maior oferta dos produtos chineses no mercado local, o setor metalúrgico começou a pressionar o aumento das alíquotas.
“A elevação feita pelo governo é um movimento para gerar um mecanismo de proteção, só que o próprio segmento demanda uma taxação bem maior, de 25%, principalmente em função do que outros países já fizeram, como os europeus, Estados Unidos e, mais recentemente, o próprio México”, observa.
O economista acrescenta que a ação de proteção auxilia na melhora da competitividade e recuperação do setor.
“Desde o período da pandemia, esse segmento tem sido impactado em função da retração mundial. Isso pode ajudar o Ceará, visto que nós temos ArcelorMittal, antiga Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), como um dos players também do mercado”, avalia.
“Então, isso potencializa a retomada ou até o aumento da produção da indústria aqui no Estado e pode gerar uma elevação das nossas exportações, volume e uma tendência de crescimento no médio e longo prazos”, completa.
Para o CEO da JM Negócios Internacionais, Augusto Fernandes, a iniciativa facilita e melhora o comércio interno dos produtores de aço, mas também prejudica outros negócios, considerando o fato de o Brasil também ser importador da matéria-prima para produzir suas mercadorias, como o agronegócio e empresas de máquinas e equipamentos.
“Foi esse um dos movimentos, lá em 2016, que foi alertado e não foi alterado a alíquota. Agora, já é decisão tomada, a medida vai ser publicada nesta segunda-feira, e cabe ao mercado fazer novas adaptações, mas prejudica muito as importações de outros segmentos e o próprio setor de aço no Brasil”, analisa.
Entenda o que muda
No ano passado, foi aprovada medida que autorizava o desconto de 10% das alíquotas de importação de 12 produtos de aço. O abatimento iria até 31 de dezembro deste ano.
Contudo, com a medida protecionista, o grupo de itens volta a ter tarifas de 9,6%, a 12,8%, a partir deste 1º de outubro. Dentre os produtos, estão:
- Bobinas grossas;
- Bobinas a quente
- Bobina a frio;
- Barra inox a frio;
- Chapas galvanizadas;
- Chapas revestidas de alumínio-zinco;
- Fios-máquina;
- Tubos sem costura.