Uma das novidades da Apple para o iPhone 14 é o fim do compartimento - também conhecido como bandeja - para o chip físico, tornando o celular um aparelho que funciona exclusivamente com o eSIM ou chip virtual. A novidade, porém, só vale para os smartphones vendidos nos Estados Unidos.
Apesar do lançamento da Apple no Brasil ainda contar com o espaço para o chip físico, desde 2016 é possível habilitar o eSIM nos celulares em solo nacional. A depender da operadora, não é preciso pagar pela troca para o chip virtual e um dos benefícios é a possibilidade de poder, por exemplo, no próprio iPhone - que aqui só tem espaço para um chip - utilizar dois números de contato.
Mas essa não é a única vantagem do eSIM. De acordo com Victor Farias, professor do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Teleinformática (PPGETI) da Universidade Federal do Ceará (UFC), o chip virtual também oferece mais segurança ao usuário. Isso porque, em caso de um roubo ou furto do aparelho, o eSIM dificulta o ato de desconectá-lo da rede, permitindo que o smartphone seja localizado com facilidade.
“Quando há o roubo do celular e a pessoa tira o chip, ela corta a conexão de internet. Com o eSIM, ela não consegue tirar o chip, portanto o celular permanece conectado”
Além disso, o professor detalha que é mais fácil habilitar um novo chip no celular roubado quando o SIM é o físico. “Como o SIM é gravado no celular, em caso de roubo ou furto, o proprietário informa a operadora e consegue bloquear o aparelho para que novas linhas não sejam associadas a ele. Isso dificulta o repasse”.
Mais fácil para viagens ao exterior
Uma outra aplicação para o eSIM é em casos de viagem ao exterior. O usuário que possui um celular habilitado ao chip virtual pode entrar em contato com a operadora do local de destino para ter conexão à internet antes mesmo da viagem. “E aí esse turista pode ficar com uma linha do local de origem e uma outra para ter acesso a internet naquele destino”.
A lógica também vale para quem precisa ter uma linha profissional, já que é possível ter dois números no mesmo aparelho.
O que é o eSIM?
O eSIM é um chip instalado diretamente na placa mãe do celular durante a sua fabricação, tornando dispensável o uso do tradicional chip físico, que ocupa mais espaço. Assim, o usuário pode simplesmente entrar em contato com a operadora e pedir que ela habilite o eSIM. Se o smartphone for compatível, será possível o uso do SIM virtual.
Como eu sei que meu celular é compatível com o eSIM?
Victor Farias explica que, para saber se o celular é compatível com a tecnologia, uma alternativa é buscar nos sites das operadoras, que listam os aparelhos habilitados ao chip virtual. Também é possível buscar no botão “Configurações” do celular, depois em “Redes móveis” se há a opção de uso do chip virtual.
Veja alguns modelos compatíveis:
Apple
- iPhone SE
- iPhone SE 2ª Geração
- iPhone XR
- iPhone XS
- iPhone XS Max
- iPhone 11
- iPhone 11 Pro
- iPhone 11 Pro Max
- iPhone 12
- iPhone 12 Mini
- iPhone 12 Pro
- iPhone 12 Pro Max
- iPhone 13
- iPhone 13 Mini
- iPhone 13 Pro
- iPhone 13 Pro Max
Samsung
- Galaxy S20
- Galaxy S20+
- Galaxy S20 Ultra
- Galaxy Note 20
- Galaxy Note 20 Ultra
- Galaxy S21
- Galaxy S21+
- Galaxy S21 Ultra
- Galaxy Z Flip
- Galaxy Z Fold 2
- Z Flip 3 5G
- Z Fold 3 5G
Motorola
- Motorola Razr
Como eu faço para ter o eSIM?
O professor explica que em alguns casos é possível fazer a habilitação, em celulares compatíveis, usando apenas o aplicativo. “Na prática, o que temos visto é que os usuários acabam entrando em contato com as operadoras para ter acesso ao chip virtual”. Caso o usuário já tenha o chip virtual e queira convertê-lo em físico, também é possível.
A Claro disponibiliza o eSIM desde 2016 e a ativação do chip virtual pode ser feita de forma remota, através de e-commerce, ou por meio dos canais presenciais pelo mesmo valor do chip convencional.
Já a Vivo trabalha desde novembro de 2018 com a habilitação gratuita do eSIM. “A ativação para clientes pessoa física é feita em lojas físicas e pelo Vivo em Casa, atendimento 100% remoto via consultor da Vivo por WhatsApp”, diz a operadora.
A TIM lançou a opção do eSIM para os consumidores no ano 2019. Para os usuários da operadora que queiram o chip virtual, não há custo. “Basta se dirigir à uma loja e pedir para trocar o físico pelo eSIM. Seja qual o for o plano”, diz a empresa. Se o cliente estiver vindo de outra operadora para a Tim e quiser o eSIM, é cobrado o mesmo valor do chip físico, de R$ 15.
Ele avalia, porém, que a falta de conhecimento sobre o chip virtual nas lojas das operadoras acaba dificultando a popularização do eSIM no Brasil. “O que a gente vê é que os próprios vendedores em geral ainda não estão tão bem informados, o que dificulta a popularização”.
Em quanto tempo o eSIM dominará o mercado brasileiro?
Farias também acredita que a gama de aparelhos mais antigos que não disponibilizam a tecnologia também é um empecilho para que a tecnologia em breve domine o mercado brasileiro.
“Outra questão é que, quando você tem um aparelho com SIM normal, basta tirar o chip de um aparelho e colocar no outro para ele estar habilitado, é um processo mais fácil porque é mais mecânico. Com o eSIM, era para ser fácil, era pra ser pelo app da operadora ou entrando em contato com a operadora, de forma simples, mas não depende só do cliente”, pontua.
Considerando o volume de aparelhos ainda antigos em operação e a falta de disseminação de informações sobre o eSIM, Victor Farias acredita que a popularização do eSIM no Brasil é algo para médio prazo. “A chegada do 5G pode ajudar nesse processo, porque os aparelhos que a maioria dos celulares com 5G são habilitados para o eSIM”.