O preço da cesta básica em Fortaleza caiu 1,22% em março e chegou ao valor de R$ 517,05, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgado nesta quinta-feira (08). Apesar da redução, o valor é mais que o dobro do novo auxílio emergencial, de R$ 250.
Os produtos que puxaram a baixa de preços foram a banana (-8,43%), o tomate (-6,62%) e o leite (-5,51%). Ao mesmo tempo, ficaram mais caros na Capital a manteiga (3,93%), o café (2,49%) e a farinha (1,54%).
O supervisor técnico do Dieese, Reginaldo Aguiar, explica que a leve redução de valor nos últimos meses tem sido apenas uma adequação do mercado, tendo em vista os fortes aumentos registrados no fim do ano passado.
"Em setembro, tivemos alta de 5,11%. Em outubro, de 5,10%. Em novembro, de 5,04%. O aumento desses três meses consecutivos dá mais de 16%. Aí em dezembro caiu 0,81%; em janeiro, 0,37%; em fevereiro, 0,78% e agora em março, 1,22%. Mas são quedas pequenas tem em vista os aumentos que tivemos", aponta.
Ele indica que o tomate tem sido o principal responsável por segurar o preço da cesta básica nos últimos meses. O item registrou quedas de 15,2% em dezembro, de 10,25% em janeiro, de 15,17% em fevereiro e de 6,62% em março.
"Essas quedas só aconteceram depois de altas intensas e porque se o mercado aumentar mais, não tem quem consiga comprar", dispara Aguiar.
Ele lembra que a retirada de recursos da poupança tem batido recordes nesses três primeiros meses do ano. Conforme dados do Banco Central, o saldo líquido da poupança, que é a diferença entre depósitos e retiradas, alcançou um déficit de R$ 18,15 bilhões em março.
"No ano passado, as pessoas adiaram alguns planos, fizeram alguma reserva porque sabiam do momento que estávamos vivendo, e agora estão raspando o que juntaram para suprir as necessidades básicas. E isso começou a acontecer em dezembro, quando acabou o auxílio emergencial. São indicadores de vulnerabilidade geral das pessoas", avalia o supervisor do Dieese.
Novo auxílio emergencial
Aguiar ainda critica o valor e as condições de concessão do novo auxílio emergencial. Segundo ele, a população está sendo menos amparada em um momento mais crítico da pandemia que o ano passado.
"Estamos há quase um ano com restrições aqui no Ceará e, na época, a economia não estava na desordem que está agora, não tinha os impactos que temos agora, as taxas de desemprego não eram tão altas quanto agora, o número de pessoas doentes e mortas eram incomparáveis. Naquela época, o valor de R$ 600 já era baixo, imagina agora, que é R$ 250 e com inúmeros produtos e serviços muito mais caros", alerta.
Conforme o levantamento do Dieese, caso o valor do novo auxílio emergencial seja destinado totalmente à alimentação, cada família somente conseguiria comprar:
- 2,8 kg de carne
- 2,9 L de leite
- 2,8 kg de feijão
- 700 g de arroz
- 450 g de farinha
- 58 pães carioquinha
- 145 g de café
- 43 bananas
- 1,45 kg de açúcar
- 435 ml de óleo
Cesta mais cara do Norte e Nordeste
A cesta básica de Fortaleza ainda é a mais cara das regiões Norte e Nordeste e a 11º do País. A cesta mais cara em março foi a de Florianópolis (R$ 632,75), seguida pela de São Paulo (R$ 626,00), Porto Alegre (R$ 623,37) e Rio de Janeiro (R$ 612,56).
O Dieese estima que os trabalhadores que ganham um salário mínimo (R$ 1.100) por uma jornada de 220 horas por mês precisam trabalhar 103 horas e 25 minutos apenas para comprar uma cesta básica.
O gasto com alimentação de uma família padrão, formada por dois adultos e duas crianças, é projetado em R$ 1.551,15.
Com base na cesta mais cara do mês, a de Florianópolis, o Dieese calcula que o salário mínimo necessário para manter as necessidades básicas de uma família deveria ser de R$ 5.315,74, o que corresponde a 4,83 vezes o mínimo vigente. Em fevereiro, o valor do mínimo deveria ter sido de R$ 5.375,05.
Evolução do valor na Capital
O valor da cesta básica em Fortaleza em março apresentou um aumento de 6,44% em comparação a seis meses atrás e de 8,83% em relação a março do ano passado.
Os únicos itens que compõe a cesta a apresentarem redução de preço no último ano foram o tomate (-48,60) e a banana (-9,81%). Todos os demais ficaram mais caros, com destaque para o óleo (83,45%), o arroz (71,08%) e a farinha (42,59%).