Messejana, Mondubim e o Jangurussu estão entre os dez bairros de Fortaleza que tiveram maior procura para a construção de estabelecimentos comerciais em 2023. O Centro e a Aldeota, pontos tradicionais, seguem com maior interesse.
O levantamento foi realizado pela Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma) de Fortaleza a pedido do Diário do Nordeste. Foram consideradas 170 mil consultas de adequabilidade locacional, que permite o empreendedor conferir se a atividade que pretende realizar é permitida em determinado endereço e atende às previsões legais. A verificação é pré-requisito para o licenciamento de um negócio.
A titular da Seuma, Luciana Lobo, revela que os dados mostram uma dinamicidade da economia da Capital, que bateu o recorde na emissão de alvarás de construção. Ela chama atenção para o fato de que a Regional 2, que contempla áreas mais nobres, não liderou a emissão de alvarás.
"A regional com mais alvarás foi a Regional 8, que contempla Serrinha, Dias Macedo, Parque Dois Irmãos. A Regional 2 ficou em terceiro lugar. Não é uma coisa que nós imaginaríamos de cara. Na Regional 8, foram 126 alvarás. Na Regional 6, 124. E na Regional 2, foram 104 alvarás", comenta a secretária.
O surgimento de novos aglomerados varejistas é uma tendência intensificada após a pandemia de Covid-19, período em que diversos pequenos comércios se instalaram, segundo Cláudia Buhamra Romero, professora da Universidade Federal do Ceara e doutora em Administração de Empresas.
A administradora explica que muitos pequenos empreendimentos surgiram no período, principalmente em bairros mais afastados. Os novos comércios surgem próximos a estabelecimentos 'âncora', como supermercados e agências de órgãos públicos, que tem grande movimentação de pessoas.
Os empreendimentos também são atraídos por outros comércios, a partir da regra da vizinhança, para se beneficiar do fluxo. "Um conjunto habitacional tem atração suficiente para que se coloque uma farmácia. Ao lado da farmácia, se coloca um comércio. Depois vira um centro comercial. E assim vão chegando", afirma.
Quando instalados fora de zonas tradicionais, os polos comerciais podem impactar positivamente em todo o desenvolvimento do bairro, segundo Cláudia Buhamra.
"Em um contexto de tempo cada vez mais reduzido, o consumidor acaba optando pelo comércio do bairro, ao invés de se deslocar 10 km para determinado shopping. E aí se começa a perceber que os grandes empreendimentos vislumbram também essas grandes oportunidades, como o RioMar que se instalou no Presidente Kennedy", afirma.
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Bairros ganham 'vida própria'
O crescimento da vida comercial em bairros fora do tradicional é um fenômeno que também está presente em outras metrópoles, segundo a avaliação do presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL), Assis Cavalcante.
"Há uma situação que os bairros estão criando vida própria e pequenos centros comerciais se estabelecem para facilitar a vida dos consumidores. Por sua vez, o Centro se esvazia, porque essas pessoas que trabalham no Centro não moram no Centro, e agora tudo é feito no bairro delas", comenta.
Apesar do crescimento dos pequenos centros, também chamados de 'malls', os shopping centers não perdem força, segundo Assis Cavalcante. “A pessoa vai ao shopping em razão da conveniência, dos serviços, da segurança. Há uma diversificação de lojas e entretenimento”, aponta.
O presidente destaca que o mercado segue atento às necessidades comerciais dos bairros, identificando os nichos a serem explorados, o que deve aumentar ainda mais a autonomia das regiões.