Ceará registra pior saldo de empregos para o mês de maio desde 2004

Segundo o analista de mercado de trabalho do IDT, Erle Mesquita, o fechamento de mais de 9 mil vagas de trabalho formal no Estado é reflexo da redução da atividade econômica causada pela crise do novo coronavírus

A pandemia segue gerando impactos diretos no mercado de trabalho cearense. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o Ceará fechou 37.389 vagas de trabalho formal nos primeiros cinco meses deste ano. Além disso, com um saldo negativo de 9.476 empregos encerrados, o Estado registrou o pior desempenho para o mês de maio desde 2004, de acordo com o analista de mercado de trabalho do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), Erle Mesquita.

Com os resultados indicados, o Ceará apresentou o segundo pior resultado mensal do Nordeste e o terceiro pior da Região considerando o período de janeiro a maio deste ano. Com relação a maio, o Estado ficou atrás apenas da Bahia, onde 17.033 empregos foram encerrados. Quando a análise é feita sobre os cinco primeiros meses do ano, Pernambuco, que fechou 63.558 vagas, e Bahia, onde 56.218 empregos foram encerrados, apresentaram um desempenho pior do que o Ceará.

Segundo o analista de mercado do IDT, o resultado de maio do Caged no Ceará é reflexo da redução da atividade econômica causada pela crise do novo coronavírus, que forçou empresas a fecharem ou a mudarem a dinâmica relativa aos funcionários. Mesquita explicou que o saldo negativo foi puxado pela redução no número de admissões mensais, uma vez que as demissões ficaram abaixo do patamar esperado para o mês de maio, apesar da pandemia.

"Em média, no Ceará, temos 30 mil admissões por mês, ou seja, estamos operando com metade do número normal, mesmo considerando os períodos sazonais. Mas tivemos muitas empresas fechadas e ainda estamos reabrindo, com outras empresas operando com horário restringido, então devemos ter uma recuperação lenta. A pandemia mudou o fluxo", disse.

Reformulação

Erle ainda destacou que a recuperação econômica precisará ser aliada a uma reformulação de políticas de apoio dos trabalhadores. Ele apontou que mesmo antes da pandemia o Ceará vinha registrando uma alta taxa de desemprego, com redução da massa salarial disponível. Além disso, segundo Mesquita, a perda de direitos trabalhistas também é uma preocupação durante o período de recuperação econômica.

"É um quadro muito adverso, e para sairmos disso teremos de ter um diálogo muito grande para que se monte um plano para recuperar empregos sem retirar diretos, para que se leve a um crescimento econômico muito mais sustentável", apontou Erle.