O caseiro da mansão onde o empresário Binho Bezerra e a esposa Luciana Bezerra foram encontrados mortos identificou o vazamento de gás, apontado como a causa dos óbitos, horas antes dos corpos serem encontrados. O casal faleceu enquanto dormia no imóvel, localizado no Guarujá, litoral de São Paulo, devido intoxicação por monóxido de carbono. A cachorra de estimação da família também foi vítima.
O funcionário declarou à Polícia Civil que não percebeu que a substância tóxica invadira o quarto dos patrões, que fica ao lado da "casa de máquina", onde aconteceu o vazamento. A informação foi divulgada nesta terça-feira (12) pelo portal G1.
Os corpos do casal foram achados pelo filho, Rodrigo Passos Bezerra, que também estava na residência. Ele teria estranhado a demora dos pais para acordarem e decidiu ir até o quarto deles. Ao chegar, o jovem encontrou os dois deitados na cama já sem vida, assim como o animal, que estava próximo aos donos.
O titular da Delegacia Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Santos, delegado Fabiano Barbeiro, detalhou que o caseiro identificou o vazamento por volta das 7h40, e o casal foi achado morto após às 9h30.
"Como ali é uma área técnica, ele [o caseiro] tem que fazer algumas manutenções periódicas, pois tem a bomba da piscina e outros equipamentos. Ele foi fazer alguma verificação e, quando abriu a porta, constatou a fumaça", explicou à publicação, baseado no depoimento.
Ainda conforme o oficial, o funcionário relatou ter desligado o "queimador" — que aquece a água da mansão — logo após observar o vazamento. Como não poderia realizar o reparo no cano danificado naquele momento, o homem decidiu abrir a porta do local para que "a fumaça fosse embora, mas não percebeu que tinha invadido o quarto e causado a intoxicação no casal e no animal".
Ainda conforme a apuração policial, o filho do casal chegou a pedir ajuda para um vizinho que é médico. O profissional tentou reanimar o casal, mas não obteve sucesso, recorrendo ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Apesar dos esforços, Binho e a esposa tiveram o óbito confirmado às 11h30.
Os dois foram velados e enterrados na tarde de domingo (10), em um cemitério na zona sul da capital paulista. Eles deixaram três filhos: Rodrigo, Marcelo e Rafael.
CAUSA DAS MORTES
Conforme informado pela corporação, a necrópsia dos corpos indica que a morte foi causada por uma “intoxicação por monóxido de carbono”, resultante da queima do gás usado no aquecimento do imóvel.
A substância teria escapado por uma fissura na mangueira do exaustor, chegando facilmente ao quarto das vítimas, que fica próximo às caldeiras do sistema de água quente.
INVESTIGAÇÃO
Peritos do Instituto de Criminalística (IC) ainda realizaram uma varredura no imóvel, coletando impressões digitais. A ação é “de ofício”, realizada quando o óbito não tem uma causa definida, sendo classificado como “morte suspeita”, segundo a polícia.
A corporação segue investigando o que pode ter provocado o vazamento. Conforme a Delegacia Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Santos, ainda são esperados laudos do sistema de gás encanado, para descobrir se os mecanismos estavam instalados corretamente.
QUEM FOI BINHO BEZERRA?
Pernambucano radicado no Ceará, Binho era uma forte presença no cenário empresarial de Fortaleza. Ele atuou como presidente do Banco Industrial e Comercial (BicBanco), sendo considerado, por muitos anos, como o “banqueiro mais jovem do Brasil”. O empresário ainda marcou presença no mercado imobiliário ao fundar a primeira administradora de consórcio de imóveis do País.
No ano passado, Binho apareceu na lista de bilionários da revista Forbes, ocupando a 205ª posição do ranking, com patrimônio familiar de R$ 1,55 bilhão.
Fora do mundo dos negócios, Bezerra foi um grande torcedor e apoiador do Ceará, além de colaborar com instituições beneficentes, como a Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza.
Binho era filho do ex-prefeito de Juazeiro do Norte, Humberto Bezerra, e sobrinho do ex-governador cearense Adauto Bezerra.