A carência de ferrovias no Nordeste ainda é um dos grandes gargalos para o desenvolvimento no transporte de cargas na Região, inclusive no Ceará. Um dos projetos, ainda em execução através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Transnordestina, está dividida em quatro trechos e cerca de 1,7 mil km de trilhos. No Estado, a extensão que vai de Missão Velha, no Cariri, ao Pecém, litoral oeste, está 15% concluída, com um investimento de mais de R$ 145 milhões e obras em execução desde 2010, de acordo com o Painel de Obras, do Ministério do Planejamento.
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Também em Pernambuco, o trecho da ferrovia entre Salgueiro e Trindade está 100% concluído. De acordo com o Planejamento, as obras tiveram investimento de mais de R$ 1 bilhão e foram finalizadas ainda em 2015. Já a extensão que vai de Trindade, em Pernambuco, a Eliseu Martins, no Piauí, está com 64% das obras terminadas. O investimento, iniciado ainda em 2009, ultrapassa R$ 1,5 bilhão.
Sobre o andamento das obras da ferrovia, o Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil informou que a Agência Nacional de Transportes Terrestres poderia se posicionar, mas até o fechamento desta edição a Agência não enviou nenhuma informação sobre a Transnordestina.
Já a Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A., empresa pública responsável pela construção e exploração da infraestrutura ferroviária do País, e que possui participação acionária na Transnordestina, também não informou sobre o andamento das obras da ferrovia até o fechamento desta edição. Atualmente, a Valec participa do capital social da Transnordestina Logística S/A com 39,10% do total de ações, sendo 71,59% das ações preferenciais e 6,60% das ações ordinárias.
Evolução
No transporte ferroviário, a série histórica nacional indica aumento de 566,2% na produção de carros de passageiros (vagões de passageiros), de 2001 (quando foram produzidas 71 unidades) para 2016, com a produção de 473. Em relação a vagões de carga, o aumento de 2001 (748 unidades) para 2016 (3.903) foi de 421,8%. Embora tenha havido aumento na produção de carros, o Brasil ainda amarga uma posição irrelevante se comparada a outros países continentais. Segundo a CNT, são mais de 30,5 mil km de ferrovias, enquanto que nos Estados Unidos são mais de 290 mil km, China (124 mil km), Rússia (87 mil km) e Canadá (77 mil km), todos eles com extensões territoriais tão grandes quanto o Brasil.
O transporte de cargas através de ferrovias cresceu 16,3% de 2011 a 2016 no Brasil, de acordo com informações da Confederação Nacional do Transporte. Em 2011, foram transportadas 293.284 bilhões de toneladas por quilômetro útil, enquanto que em 2016 foram 341.161 bilhões de toneladas por quilômetro útil.
Entrevista com Lúcio Gomes
Secretário da Infraestrutura do Ceará
'Governos precisam priorizar o transporte ferroviário'
Qual sua análise da nossa infraestrutura de transporte de cargas?
Tanto o Brasil e o Ceará não podem depender tanto do transporte rodoviário. O transporte ferroviário precisa ser priorizado pelos governos. O que temos hoje no Ceará, de ferrovia de carga, é muito pouco. Uma ferrovia que vai da Região Metropolitana de Fortaleza até o Piauí. O grande eixo neste ponto será a Transnordestina. Sobre os portos, o Ceará tem feito um esforço para a ampliação do terminal e indução industrial, no sentindo também de incrementar o transporte de cabotagem.
O que o Estado pensa para o futuro em relação à multimodalidade?
O Estado tem um programa forte de recuperação, duplicação e implantação de rodovias chamando Ceará de Ponta a Ponta. A gente está trabalhando e o governador Camilo Santana vai entregar 2.300 km com esses benefícios. São rodovias importantes para o turismo, transporte de cargas e de pessoas.
Quais os projetos de ferrovias e portos?
O grande eixo na questão das ferrovias é a Transnordestina, quando ela ficar pronta. Ela vai abrir uma fronteira muito grande e ao longo da ferrovia podemos induzir a instalação de indústrias, abrindo uma perspectiva muito grande para o desenvolvimento. Acho que neste ponto os estados do Nordeste são complementares uns aos outros e não concorrentes. Há ainda, além da ampliação do Porto do Pecém, a parceria que o governo está formando com o Porto de Roterdã para que o Ceará possa alavancar mais investimentos e garantir expertise. O Estado está tentando fazer um incremento maior nos modais para não depender muito do transporte rodoviário de cargas.