O presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu demitir o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, nesta segunda-feira (28). As informações, publicadas pelos jornais O Globo e Valor Econômico, foram confirmadas, nesta noite, pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
O economista Adriano Pires, especialista do setor de óleo e gás, deve assumir o cargo. O nome foi confirmado pelo MME.
"O Governo renova o seu compromisso de respeito a sólida governança da Petrobras, mantendo a observância dos preceitos normativos e legais que regem a Empresa", diz a nota do Ministério.
A União tem até a última hora no dia 13 de abril, durante a assembleia dos acionistas, para indicar seus nomes para o conselho de administração da Petrobras. Como ela é a controladora da estatal, não terá dificuldade em conseguir o número de votos necessários para eleger seus candidatos, independentemente da vontade dos acionistas minoritários.
A presença do presidente da companhia no conselho de administração é uma obrigatoriedade prevista no estatuto social da companhia. Por isso, Adriano Pires deve antes ser referendado pela assembleia como membro do colegiado. Após receber o aval dos acionistas na assembleia, ele, automaticamente, está apto a assumir a presidência da empresa. O mandato do atual presidente da Petrobras vai até março de 2023, mas isso não impede a substituição.
Quem é Adriano Pires
Doutor em Economia, Adriano José Pires Rodrigues atuou como assessor do Diretor-Geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, além de ter exercido os cargos de superintendente de Abastecimento, de Importação e Exportação de Petróleo, seus Derivados e Gás Natural.
Ele é diretor-fundador do Centro Brasileiro de InfraEstrutura (CBIE), coordenando projetos e estudos para a indústria de gás natural, a política nacional de combustíveis, o mercado de derivados de petróleo e gás natural.
Pires foi professor adjunto do Programa de Planejamento Energético da Coppe/UFRJ, exercendo as funções de pesquisador e consultor junto a empresas e entidades internacionais como Unesco, CEE e Bird, Agência Nacional de Energia Elétrica, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e Unicamp.
Nova troca
Esta é a segunda troca no comando da Petrobras em apenas um ano. O primeiro presidente da gestão Bolsonaro foi Roberto Castello Branco, que deixou o cargo em fevereiro do ano passado, sendo substituído, então, pelo general Silva e Luna.
Assim, Silva e Luna passa menos de um ano no cargo, saindo logo após Bolsonaro discordar da política de preço da estatal. Essa última consiste em repassar ao mercado internado as variações do dólar e do barril de petróleo.
O barril, inclusive, disparou no valor com o início da guerra na Ucrânia, por conta das sanções ocidentais impostas à Rússia. Na época, a Petrobras anunciou alta de 18,77% na gasolina e quase 25% no óleo diesel.
Em diversas críticas recentes à Petrobras, o presidente chegou até mesmo a classificar o aumento em questão como um crime.
"Por um dia, a Petrobras cometeu esse crime contra a população, esse aumento absurdo no preço dos combustíveis. Isso não é interferir na Petrobras, a ação governamental. É apenas bom senso. Poderiam esperar", citou, também falando sobre o pedido que teria feito para que o reajuste fosse adiado em um dia.
Assessores próximos de Bolsonaro teriam aconselhado a manutenção de Silva e Luna no cargo, mas sem sucesso. Segundo eles, o substituto não será capaz de mexer sozinho na política de preços na Petrobras.