O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) lançou nesta quinta-feira (4) uma linha de financiamento para socorrer usinas de cana-de-açúcar afetadas pela queda nas vendas de combustíveis durante a pandemia. O crédito pode chegar a R$ 3 bilhões.
Assim como nos outros programas de socorro anunciados pelo BNDES após o início da crise gerada pelo novo coronavírus, o socorro às usinas respeitará condições de mercado e será oferecido em parceria com bancos privados.
O BNDES entrará com até 50% do valor dos contratos de financiamento. Para isso, separou R$ 1,5 bilhão. "A ação conjunta com bancos comerciais pode elevar o apoio ao setor, portanto, a mais de R$ 3 bilhões", disse o banco de fomento.
Os contratos têm o objetivo de financiar a estocagem do etanol que está sendo produzido mas não encontra mercado, já que as medidas de isolamento social derrubaram as vendas de combustíveis automotivos no país.
"O setor é responsável por 1 milhão de empregos no interior do país e pela geração de US$ 10 bilhões [cerca de R$ 50 bilhões] em exportações por ano", justificou o BNDES. As vendas de etanol caíram quase 40% em abril.
"A medida dará fôlego às usinas para enfrentarem o período e diminuirá o risco de desabastecimento energético no momento de reaquecimento econômico", diz o banco.
Os contratos de financiamento terão carência de até 12 meses e prazo para pagamento de dois anos. Os estoques de etanol poderão ser usados como garantia para a obtenção dos recursos.
A oferta de crédito para financiar os estoques vem sendo negociada com o governo desde o início da pandemia. O setor queria ainda a elevação dos impostos sobre a gasolina, mas a proposta encontrou resistência na Petrobras e não avançou.
A estatal alegou que impostos mais altos reduziriam as vendas de gasolina, o que criaria problemas no abastecimento de gás de cozinha, já que esses dois combustíveis são produzidos nas mesmas unidades de refino.
O pacote de socorro ao setor de etanol é parte de uma série de medidas que o BNDES vem anunciando para tentar mitigar efeitos da pandemia na saúde financeira das empresas brasileiras. Entre os setores já em negociação, estão as indústrias automobilística e de energia e o setor aéreo.
O banco, porém, vem recebendo críticas pelas dificuldades no acesso ao crédito disponível tanto por pequenas quanto por grandes empresas, já que os contratos dependem de análise de risco dos bancos parceiros.
Por isso, o banco vem anunciando novas medidas para tentar destravar o crédito, como a oferta de R$ 20 bilhões em garantias para micro e pequenas empresas e revisão na linha que financia a folha de pagamentos, que foi uma das primeiras iniciativas após o início da crise.