Aviação executiva ganha força e promete crescer no Ceará

Escrito por
Hugo Renan do Nascimento - Repórter producaodiario@svm.com.br

A melhora da economia brasileira, a exemplo da recuperação progressiva do mercado de trabalho, da confiança de diversos setores, além da queda dos juros básicos e da inflação, está fazendo com que a aviação retome investimentos e projete crescimento nos próximos anos, principalmente no Ceará. Um dos eixos deste segmento é a aviação executiva, que tem no Estado, de acordo com informações da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), 215 aeronaves (aviação privada e táxi-aéreo), representando pouco mais de 1,3% dos equipamentos cadastrados em todo o País. Neste contexto, a TAM Aviação Executiva, que mantém uma base no Aeroporto Dragão do Mar, em Aracati, já pensa em aumentar o efetivo de técnicos e investir na homologação de novos equipamentos.

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De acordo com o diretor de Manutenção da TAM AE, Ruy Amparo, o início de 2019 marca para a companhia no Ceará a homologação das aeronaves do tipo King Air, modelos turboélice que ainda não são atendidos na base de Aracati. Para tanto, é necessário um investimento da ordem de R$ 1,5 milhão na aquisição de documentos e ferramentas para realizar o trabalho nestes aviões.

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"A gente deve investir no ano que vem mais ou menos R$ 1,5 milhão na homologação dos Kings Air. É o investimento mais forte que a gente está prevendo. Obviamente isto está sujeito a economia andar bem. A gente acredita nisso. Além disso, 20% da frota de aeronaves executivas do Brasil circulam no Norte e Nordeste", diz.

Além disso, a empresa projeta investimentos em torno da cadeia logística e do capital humano. Porém, de acordo com Amparo, ainda não há projeção para isso. "Eu não consigo estimar o investimento. Com certeza é menos do que esse investimento na homologação do King Air. O desenho do orçamento começa em agosto e já vai pegar uma ideia do Brasil mais consistente".

Crescimento da base

Inaugurada há pouco mais de dois anos, o centro de manutenção de aeronaves de Aracati não conseguiu inicialmente manter a projeção de crescimento por conta da crise econômica. Passado o período de forte recessão, pelo menos para o setor aéreo, a base do litoral leste quer ampliar os atendimentos. E isso já é possível graças ao aumento da demanda. "Em termos de movimento, Belo Horizonte (BH) ainda é maior que Aracati. Mas estamos numa rampa. A nossa previsão é de já no segundo semestre termos mais movimentos aqui do que lá. E aí vai decolando. O cliente que vem, se ele gostou ele volta. E você conquista essa pessoa. A capacidade aqui é muito maior do que de BH".

Segundo o diretor, o centro no Aeroporto da Pampulha, na Capital mineira, atende em média seis ou sete aviões por vez. Em Aracati, o número gira entre três e cinco aeronaves. Na maior base da empresa, em Jundiaí, o centro atende entre 30 e 40 aviões por vez.

Amparo reforça o fato de o potencial de crescimento do Nordeste ser mais forte. "Essa frota de aviões que você tem no Norte/Nordeste está voando pouco, por enquanto. Ela vai voar mais e vai encontrar abrigo em Aracati. Nenhum dos nossos competidores tem um centro como este no Nordeste. Inclusive isso é fonte de oportunidade de venda de aeronaves. Se você vender um equipamento em Sergipe ou em Pernambuco você diz ao comprador que existe este centro de manutenção perto dele", afirma.

Representatividade

A base de Aracati está homologada para realizar a manutenção de toda a linha de jatos Citation, menos o Citation X, que ainda não tem no Nordeste, de acordo com Amparo. "Todo o resto da constelação de jato Citation a gente está homologado aqui. E mesmo um avião que a gente não esteja homologado, se algum cliente precisar, nós solicitamos à Anac uma intervenção fora de base aqui. Isso é previsto em lei. A gente teria que deslocar técnicos de Jundiaí para cá".

O centro de Aracati, em número de movimentos, ainda é o menor da empresa, porém em espaço físico para atendimento tem praticamente o mesmo tamanho da unidade de Jundiaí. "Nós temos uma visão futura de estarmos igualmente aparelhado aqui como na base de São Paulo por várias razões".

Ele cita que a localização estratégica da unidade cearense é um dos fatores relevantes. "A gente está nos pontos de passagem para a Europa de jatos executivos. Hoje se houver uma pane em Mossoró, Fortaleza ou Recife os mecânicos daqui vão atender", explica ele.

Sobre Belo Horizonte, o diretor afirma que lá não tem mais como crescer fisicamente. "Tem uma limitação física no hangar. Não vamos fazer nenhum investimento lá. Teríamos que mudar de hangar, alugar outro, por exemplo. Aqui você tem espaço que é uma coisa muito preciosa e tem um aeroporto bom. Só a distância para grandes cidades que é uma desvantagem. Porém, o nosso cliente pode pousar a hora que quiser aqui porque não tem limitação de slot", acrescenta.

Foco mantido

O foco da TAM AE com a base em Aracati é atender aeronaves do Norte e Nordeste. "Os aviões internacionais usam Fortaleza como ponto de passagem. Nós vamos atendê-los se eles precisarem de manutenção, mas o nosso foco é a frota nordestina. É quem a gente captura", esclarece Amparo.

Ainda de acordo com o diretor de Manutenção, diversos estados da Região utilizam a base de Aracati para fazerem a inspeção. "Nós já trouxemos aviões de Salvador, mas de lá é a mesma distância vir para cá ou para Jundiaí. Às vezes competem com fatores extra-campo. O cliente fala que vai para São Paulo porque quer fazer compras. Mas aqui nós estamos dando um bom desconto para esse ponto de entrada", admite.

Com um trabalho de consolidação em andamento, o diretor diz que solidificar o centro de Aracati leva tempo. "Até você ganhar essa confiança, sendo do mesmo grupo, é uma questão de mercado. A gente navegou em um ambiente macroeconômico complicado. Nós decidimos manter os financiamentos e os investimentos que a gente tinha. Decidimos manter Aracati a todo custo".

Amparo diz ainda que na aviação é necessário fazer um plano estratégico longo. "Na medida que a gente emplacou R$ 12 ou 13 milhões em ferramentas aqui não vai ser um ano ruim que vai fazer você fugir disso. A gente tem muita consciência com o nosso compromisso. O governo do Estado construiu este hangar, reformulou o aeroporto. Nós somos parte de um grande plano estratégico dos governos daqui do Ceará".

O diretor também explica que na aviação as empresas sabem que os custos vêm antes dos lucros. "Você se prepara para perder dinheiro durante um tempo. Numa fase ruim você não vê tantos aviões. Os cintos são apertados. Se a gente tivesse contratado 60 técnicos na crise, provavelmente a gente estaria fazendo demissão aqui um ano depois. Se a demanda não vem, não há o que fazer. Nós fomos muito conscientes e responsáveis", argumenta Amparo.

Fique de olho

Confira detalhes da TAM Aviação Executiva

A TAM Aviação Executiva (TAM AE) é a TAM original. Nasceu em 1961. Em 1976, essa empresa cresceu e dela derivou a empresa de transporte aéreo de passageiros, que se chamava TAM Linhas Aéreas. Depois a TAM fez o processo de junção com a Lan Chile e hoje é Latam Airlines. A TAM AE nunca mudou de capital societário e sempre permaneceu com a família do comandante Rolim, fundador da companhia. Além disso, é uma empresa 100% de capital fechado e não tem nenhuma ligação com a Latam. A TAM AE vende aeronaves executivas (representante da Textron Aviation no Brasil), faz a manutenção de jatos e realiza serviços de táxi aéreo. Em 2004, a empresa abriu um centro em Jundiaí, em São Paulo, e em 2016 foi a vez de Aracati receber uma base. Os serviços de manutenção e inspeção da TAM AE respondem por mais de 50% do faturamento da empresa. O serviço nasceu como pós-venda e hoje mantém independência em relação aos outros serviços prestados pela companhia.