Assaí estuda expansão em Fortaleza e amplia tamanho de lojas para atrair clientes dos hipermercados

Rede de atacarejo é a que mantém o maior número de estabelecimentos do formato na capital

Segundo o ranking de 2024 da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o Assaí Atacadista é a segunda maior rede do país do ramo, com faturamento que ultrapassa os R$ 72,7 bilhões. No Ceará, a presença da empresa faz com que o Estado, principalmente Fortaleza, se posicione como o foco para expansões, com quatro inaugurações somente entre 2022 e 2023.

O assunto foi tratado por Denilson Costa, diretor regional no Ceará do Assaí, em entrevista ao Diário do Nordeste. Segundo ele, Fortaleza, que hoje conta com 10 unidades do atacarejo, é a terceira capital do Brasil com o maior número de estabelecimentos da bandeira, atrás apenas das cidades-foco Rio de Janeiro e São Paulo, onde fica a sede da companhia. 

Inaugurado em 1974, o Assaí, até 2021, integrava o Grupo Pão de Açúcar (GPA), sendo a bandeira de atacadista do grupo. Com o crescimento do setor, acabou se tornando uma empresa-solo, ainda controlada pelo conglomerado francês Casino. No ano passado, após os europeus venderem a participação na marca, o atacarejo virou uma "empresa sem dono", com capital aberto na Bolsa de Valores do Brasil (B3).

Nos últimos três anos, o atacarejo se consolidou no mercado pela rápida expansão e aquisição dos antigos pontos de venda do hipermercado Extra, que fechou as portas em todo o Brasil. Em Fortaleza, três unidades passaram por reformas para receberem o Assaí: Antônio Bezerra, Jóquei Clube e Montese — sendo esta atualmente a maior loja da rede no Nordeste.

"A nossa primeira loja foi na Avenida Bezerra de Menezes. O Ceará foi o primeiro estado fora do eixo Rio-São Paulo onde a gente iniciou a nossa operação. Tem uma preocupação muito grande em manter a participação do mercado. Dentre as capitais, Fortaleza só fica atrás do Rio de Janeiro e de São Paulo em número de lojas. Nos últimos três anos, das 15 lojas do Ceará, inauguramos quatro (em Fortaleza), sendo três conversões", explica Denilson.

Nas conversões, a gente buscou desenvolver outros modelos, que são as lojas com galerias. São lojas que fizemos conversão e tivemos o entendimento a partir da necessidade do cliente que queria achar tudo no mesmo lugar. A loja do Montese é a maior do Nordeste, com 8,7 mil m² de área de venda. 
Denilson Costa
Diretor regional no Ceará do Assaí

Sem novas lojas no Ceará em 2024

Se entre 2021 e 2023 o Assaí mais do que dobrou sua presença em Fortaleza, em 2024 a situação será diferente. Segundo o executivo, estão previstas adequações em algumas lojas do chamado formato original.

"A gente fez muitas conversões e temos novas funções. Para esse ano, o momento é de maturação para poder se pensar em alguma coisa. Isso tem uma definição da companhia e tem uma proposição de investimento para o tamanho do negócio. Dentro do que tem para 2024, a gente segue para continuar mantendo as lojas e as adequações da operação, inclusive para manter o que a gente tem hoje", define o diretor regional do Assaí no Ceará.

A capital cearense, por sua vez, deve receber mais unidades do atacarejo nos próximos anos. Denilson Costa pondera que a praça tem muita "concorrência regional", seja de outras marcas nacionais, como Atacadão e Mix Mateus, ou locais, como Atacadão Lag e Mega Atacadista.

"É uma questão de aderência para poder em expansões futuras, mas não tenha dúvidas que a praça Ceará ainda tem muita necessidade de ter mais lojas nossas", vislumbra.

Segundo Denilson Costa, as aberturas de lojas no interior são vistas pela empresa como "oportunidades de mercado". O foco é priorizar novas unidades na Capital posteriormente. Apesar disso, 2024 traz perspectivas de novidades para o segundo semestre, quando o Assaí completa 50 anos.

Expansão e novas funções no atacarejo

Um dos pontos ressaltados por Denilson Costa é a incorporação de elementos de hipermercados na área do Assaí. Ele traça um paralelo entre as lojas da Avenida Bezerra de Menezes, no bairro Farias Brito, aberta em 2008 após a conversão do supermercado Pão de Açúcar, com a unidade do Montese, inaugurada no ano passado, e afirma que as diferenças em ambas as unidades mostram a evolução no setor atacadista.

"As lojas que a gente chama de original são as dos paletes (gôndolas altas, características dos atacados), que foram adquiridas há 15 anos. Com o tempo, a gente foi entendendo que era necessário ter lojas mais amplas, com um espaço mais agradável, para atender esse público que acabou migrando do varejo para poder atender e conseguir crescer um pouco", sentencia.

A questão retratada pelo diretor regional é observada também em demais lojas do setor pelo Ceará, como uma espécie de "híbrido" dos atacados e hipermercados, dando origem aos atuais atacarejos.

Embora o segmento de hipermercados esteja em declínio, com praticamente nenhum remanescente do ramo no Estado, os atacarejos incorporaram diversas funcionalidades, como venda inclusive de eletrodomésticos e outros produtos de casa, pontos observados nas novas lojas do Assaí em Fortaleza (Antônio Bezerra, Cais do Porto, Jóquei Clube e Montese).

"Primeira movimentação que a companhia fez foi converter e ter açougue, empório, padaria. No Ceará, especificamente, praticamente hipermercados não existem mais. Tiveram as conversões do Extra e o fechamento do Carrefour. É mais uma movimentação nossa para atender esse público, que estava acostumado com os serviços, e hoje não está achando mais", acrescenta Denilson Costa.