1º polo industrial esvaziado dá espaço a novas atividades

Em quase nove décadas, a região entre o Centro de Fortaleza e a Barra do Ceará passou por várias transformações. De primeiro polo industrial do Estado, seguido de um período de esvaziamento, o local voltou a prosperar. Atualmente, em vez de fábricas, vieram o comércio, os serviços e principalmente o avanço imobiliário. Nesta primeira parte de uma série de reportagens, personagens contam essa história, um pedaço importante do desenvolvimento da economia cearense

Após nove décadas Construções em vez de fábricas

Era uma vez um bairro de casarões (Jacarecanga), recheado pela nata de uma cidade em franco desenvolvimento (Fortaleza). Em virtude dessa pujança (do ciclo econômico do algodão, principalmente), passaram a vir as primeiras fábricas. Para não perturbar o sossego da aristocracia fortalezense da época, as indústrias começaram, então, a ser implantadas no sentido Oeste, em uma via - Estrada do Urubu, que margeava a linha norte da estrada de ferro -, depois do bairro nobre.

Somente dessa forma os ventos soprariam a fumaça das chaminés para longe daquelas suntuosas construções.

Só que o número de empresas aumentou exponencialmente. A estrada virou rua, e, depois, avenida (Francisco Sá), em homenagem a um ex-presidente daquela província (Ceará). A concentração das empresas atraiu uma massa trabalhadora ávida por ocupação, mas também espantou as famílias ricas para outros locais (Aldeota, Praia de Iracema e Gentilândia - hoje, Benfica). Com o passar dos anos, a maior parte dessas companhias procurou melhores condições em outra zona industrial (Maracanaú). Suas imensas áreas ficaram abandonadas por anos (algumas ainda estão).

No entanto, de uns tempos para cá, percebe-se lampejos de mudanças. Onde antes havia o que restou de uma fábrica, nasce um condomínio residencial, um prédio, um conjunto de casas populares. No lugar de um galpão abandonado, encontra-se um supermercado, uma loja de eletroeletrônicos ou depósitos de companhia em expansão. O vazio está sendo ocupado, desta vez, pelo fluxo do comércio, serviço e mercado imobiliário.

Onde antes existia uma fábrica, nasce um condomínio residencial, um prédio ou um conjunto de casas populares FOTO: MARÍLIA CAMELO

Trajetória

Esta é a trajetória - resumida, é claro - dos 86 anos do primeiro Polo Industrial do Estado do Ceará. Uma área que ia muito além dos limites da avenida, pois era delineada em 280 hectares, sendo 30% deste espaço efetivamente ocupado pelas empresas integrantes do que se convencionou chamar Zona Industrial da Francisco Sá ou Distrito Industrial de Fortaleza (DIF 1).

Apesar da importância histórica dessa região para a economia cearense, existem poucos estudos sobre o tema.

Tempos áureos

O Diário do Nordeste teve acesso a documentos e imagens daqueles tempos áureos. O jornal, todavia, não se limitou a isso.

Foi mais além e procurou ouvir os ex-funcionários, que continuam residindo perto das indústrias. As mesmas que, num certo dia, ao fechar as portas, deixaram um aperto em seus corações muito parecido à perda de um familiar bastante amado.

Esmiuçar como todo esse processo aconteceu (e continua ocorrendo); procurar entender as transformações nesses quase 90 anos de atividade industrial naquele zoneamento; e desenhar o que poderá vir com a transformação imobiliária que vem se dando naquele pedaço da 4ª maior cidade do Brasil. Esses são alguns dos desafios que instigaram a realização dessa reportagem.

ILO SANTIAGO JR.
REPÓRTER