Secretaria da Saúde do Ceará diz não ter distribuído vacinas vencidas contra a Covid

Segundo a pasta, Ministério da Saúde comunicou ainda um erro na embalagem das doses que continha a data de validade com ano errado

A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) informou não ter distribuído vacinas contra a Covid fora da validade no Estado. Levantamento do jornal Folha de São Paulo divulgado nesta sexta-feira (2) revela que cerca de 26 mil doses de lotes com prazo de validade expirados da AstraZeneca teriam sido aplicadas em 1.532 municípios brasileiros, sendo 58 no Ceará. 

Segundo o levantamento do jornal, feito com base em dados do Ministério da Saúde, pelo menos 710 pessoas no Ceará teriam sido vacinadas contra a Covid-19 com doses vencidas da AstraZeneca.

A cidade no Estado que mais teria aplicado doses vencidas, ainda conforme a Folha de São Paulo, foi Potengi, 173 no total. Em seguida vêm Fortaleza, com 63 doses aplicadas e Guaraciaba do Norte, com 59.

A Secretaria da Saúde da Capital (SMS) enviou nota ao Diário do Nordeste negando a aplicação de vacinas vencidas da AstraZeneca.

"A Sesa recebeu dois lotes de imunizantes contra a Covid-19 que estão citados na matéria da Folha de São Paulo. Desde que recebeu as primeiras doses, no dia 18 de janeiro de 2021, o Ceará tem distribuído os imunizantes a todos os 184 municípios com logística desenvolvida pelo Estado por meio de aviões, helicópteros e caminhões", diz a pasta. 

"A Sesa controla o envio das vacinas até sair do Central de Armazenamento e Distribuição (Ceadim) do Estado e orienta os municípios sobre a validade das vacinas", explica. 

Os lotes mencionados pela secretaria são o 4120Z005, recebido em 23 de janeiro de 2021 e com validade em  14 de abril de 2021; e o  CTMAV505, recebido em 26 de março de 2021, com validade em 31 de maio de 2021.

Erro na embalagem

A Sesa explica, ainda, que o Ministério da Saúde informou a ocorrência de um erro na embalagem das doses da Vacina  SARS-COV2 - Laboratório AstraZeneca, referente ao lote CTMAV505. 

"Apesar de as doses terem vindo direto do laboratório produtor (AstraZeneca), na embalagem primária e secundária consta vencimento em 31/05/2021. No entanto, nas notas de fornecimentos do SIES o prazo de validade está 31/5/2022. A informação da Rede de Frio Nacional é de que a validade correta é 31/05/2022", detalha a secretaria. 

O que diz o Ministério da Saúde

Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que nenhuma dose é distribuída vencida e acompanha o prazo de validade rigorosamente. "Conforme pactuado com Conass e Conasems, as doses entregues para as Centrais Estaduais devem ser imediatamente enviadas aos municípios pelas gestões estaduais. Cabe aos gestores locais do SUS o armazenamento correto, acompanhamento da validade dos frascos e aplicação das doses, seguindo à risca as orientações do Ministério".

 A Pasta afirma ainda que "segundo a orientação do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 (PNO), caso alguma vacina seja administrada após o vencimento, essa dose não deverá ser considerada válida, sendo recomendado um novo ciclo vacinal, respeitando um intervalo de 28 dias entre as doses. O vacinado deverá ser acompanhado pela Secretaria de Saúde local".

Conselhos investigarão vencimento de vacinas

Por meio de nota conjunta na noite desta sexta-feira (2), os conselhos nacionais de Secretários de Saúde (Conass) e de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) afirmaram que todos os casos relativos à aplicação de vacinas fora da validade serão investigados.

Conforme o testo, a possibilidade de erro no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização não está descartada. As entidades apontam que os dados apresentam instabilidade desde o início da campanha de imunização contra a Covid-19 no Brasil. 

"O número de casos identificados corresponde a 0,0026% de todas as doses aplicadas no País, sendo necessárias ponderação e investigação quanto à aplicação das doses e preenchimento das informações", diz nota. 

O Conass e Conasems informa ainda que "a ação de Estados e Municípios visa dar rápida resposta à sociedade brasileira" e pontuaram que os vacinadores de municípios brasileiros  "adotam as boas práticas de vacinação, dentre as quais, a checagem do prazo de validade".