O uso intenso das tecnologias de informação e comunicação no dia a dia é reconhecidamente passível de ressalvas, já que a permanência excessiva no ambiente online, pode, muitas vezes, no caso dos transtornos mentais, ser prejudicial aos pacientes e inclusive agravar sintomas. Mas, por outro lado, é notório que a internet também tem agregado diversas comunidades, perfis, páginas em distintas redes sociais que, buscam ser espaço de apoio e ajuda para quem passa por dificuldades em decorrência das doenças mentais, como depressão e transtorno de ansiedade.
Na internet, as iniciativas buscam ajudar na compreensão dos sofrimentos psíquicos que afetam milhares de pessoas pelo mundo. Elas não substituem tratamentos clínicos convencionais, mas auxiliam e complementam, de acordo com o grau da doença, o rol de recursos terapêuticos a serem usufruídos por quem tem necessidade.
O Sistema Verdes Mares elencou algumas destas páginas e perfis. Os mecanismos disseminam orientações, estimulam a troca de mensagens, expõem relatos e propõem novas abordagens para a saúde mental, assunto que, de modo geral, ainda é rodeado de preconceitos e estigmas.
Confira alguns exemplos:
Clube da Terapia Expressiva
Perfil criado por uma arteterapeuta moradora do Ceará. O espaço agrega postagens de imagens, orientações e desafios/exercício que estimulam bons hábitos e processos de autorreflexão.
Para a idealizadora do perfil "Clube da Terapia Expressiva", a arteterapeuta Isabel Viana, coordenadora da Casa AME (Casa Arte, Música e Espetáculo) do Movimento de Saúde Mental do Bom Jardim, o espaço nas redes sociais é um instrumento terapêutico que complementa as terapias convencionais e tem se tornado "uma vitrine, pois a partir dele é possível formar grupos e gerar interação".
Graduada em Artes Cênicas, ela, há cerca de 8 anos, já havia desenvolvido projetos voltados para a arte comunitária, sobretudo, com mulheres. "Via que aquele momento funcionava como momento terapêutico. Trazia história de vida, relatos e material autobiográfico", relata. Depois de alguns anos fora, ela retornou a Fortaleza e decidiu utilizar as redes sociais como espaço de compartilhamento de ideias e disseminação de experiências.
"Apesar dos problemas conhecidos nas redes, eu percebo que existe muito essa esfera da autoajuda. Via que a internet tinham esse potencial da gente poder disseminar conteúdos, formar parcerias e conhecer pessoas".
A arteterapeuta acredita que o perfil pode ajudar no contato inicial e fazer com que as pessoas busquem se autoconhecer e posteriormente procurem ajuda.
Em janeiro deste ano, o perfil lançou um "desafio" aos seguidores chamado "escreva-se". A ideia era estimular a escrita de si. Durante 20 dias, Isabel indicou exercício temáticos, com conteúdo diferente,"para que os participantes experimentassem a escrita como instrumento de transformação e percepção de si".
Querida Amiga Ansiedade
Criado por uma psicóloga, o projeto conta com material explicativo e tenta ajudar quem sofre com a ansiedade. Há também um aplicativo que contém exercícios práticos e informações que ajudam a cuidar da ansiedade.
Eurekka.me
Idealizada por psicólogos, a iniciativa, presente nas redes sociais, opera também em formato de plataforma. Nela, constam textos, vídeos e exercícios que orientam o público a lidar com emoções difíceis, ansiedade, raivas, dentre outros.
Querida Terapia
O perfil traz postagens ilustradas com reflexões e orientações sobre mudança de comportamento e estímulo a adoção de bons hábitos.
As páginas e perfis destacados pelo Sistema Verdes Mares não têm, nesta abordagem, ênfase no processo orientação psicológica online. Isto é outra modalidade de serviço regulamentada pela Resolução nº 11/2018 do Conselho Federal de Psicologia (CFP).