Mais de 370 mil fortalezenses têm anticorpos contra o novo coronavírus, estima pesquisa

Dados ainda preliminares indicam prevalência mais alta na Regional I e em pessoas de menor renda e escolaridade

A primeira fase de uma pesquisa que avalia os impactos do coronavírus em Fortaleza constatou que 14,2% dos participantes testaram positivo para anticorpos contra o novo coronavírus. O estudo preliminar, divulgado nesta sexta-feira (19) em coletiva de imprensa online, estima que mais de 370 mil fortalezenses já desenvolveram defesa contra a Covid-19. Até 10h de hoje, a Capital confirmou 32.423 infecções pela doença, de acordo com a plataforma IntegraSUS.

O levantamento realizou 3.300 testes em 39 bairros da cidade, entre 2 e 15 de junho, e foi obtido por uma parceria entre Governo do Ceará, Prefeitura de Fortaleza e Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), com realização do Instituto Opnus. Mais duas fases ainda devem ser realizadas, com a mesma quantidade de testes, para embasar orientações quanto à assistência à saúde e à flexibilização de atividades econômicas.

“Consideramos que a taxa está bem elevada, com detecção em um percentual importante da população”, explica o secretário da Saúde do Ceará, Carlos Roberto Martins, o Dr. Cabeto. “Se isso for confirmado mais na frente, significa que um maior percentual dela estaria protegida de novos surtos, pelo menos no curto prazo”. Wuhan, epicentro da doença na China, tinha valores próximos a 10% ao fim da epidemia. Em Nova York, chegou a cerca de 20%.

Os dados apontam que a prevalência é mais alta na Regional I, onde anticorpos contra o coronavírus foram encontrados em 20,3% dos participantes. A área também registrou o maior número de mortes na cidade. Por outro lado, o menor índice foi registrado na Regional II, com 7,1%. Nas Regionais de III a VI, o percentual permaneceu próximo, entre 14,2% e 14,8%.

A razão de infecções - valor aproximado do nível de subnotificação - na Capital foi de 12. Ela variou de 19 na Regional I para, aproximadamente, quatro infecções por caso confirmado na Regional II. A soroprevalência de mulheres e homens foi semelhante, mas taxas maiores foram observadas em grupos com maior faixa etária, menor escolaridade e renda e habitações com maior número de moradores.

A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) e a Secretaria Municipal da Saúde de Fortaleza (SMS) ressaltam que os dados são descritivos e ainda precisam de confirmação a partir das próximas rodadas. Segundo o Dr. Cabeto, análises semelhantes já estão sendo realizadas nos municípios de Sobral e Iguatu, no Interior do Ceará.

“Continuamos em isolamento social, embora tenhamos números animadores com menos casos e menor demanda assistencial. Estamos monitorando com muita responsabilidade e seriedade para, caso haja algum repique de casos, possamos atender à população com qualidade”, reforçou a secretária municipal Joana Maciel.