HGF recebe doação de vacinas da Covid e avalia eficácia em pessoas com doenças reumáticas autoimunes

A análise é conduzida pelo Serviço de Reumatologia do Hospital Geral de Fortaleza (HGF) e irá monitorar voluntários por um ano

Ao menos 100 pessoas do Ceará com doenças reumáticas autoimunes devem participar de um estudo clínico liderado pela Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), em parceria com o Ministério da Saúde, para investigar a segurança, a efetividade e a duração da imunidade após a vacinação contra a Covid.

No Estado, a pesquisa é conduzida pelo Serviço de Reumatologia do Hospital Geral de Fortaleza (HGF) e teve início este mês. Até agora, 30 pessoas foram cadastradas.

As vacinas usadas na análise foram doadas pelo Instituto Butantan e pela empresa AstraZeneca. Para participar da pesquisa feita no HGF não precisa necessariamente ser um paciente acompanhado na unidade.

Os critérios são: ter mais de 18 anos, ter uma doença reumática imunomediada comprovada, como artrite reumatóide, esclerose sistêmica e lúpus, dentre outras, e não ter sido vacinado ainda contra a Covid-19. Isso porque os voluntários que serão acompanhados no estudo são imunizados com as doses doadas.  

Não podem participar da análise gestantes, pacientes com neoplasias, pessoas que já passaram por transplante de órgãos, além de imunossuprimidos por outras causas, como pessoas que vivem com HIV.

A pesquisadora e reumatologista do HGF, Rejane Abreu, explica que o estudo busca investigar particularmente esse grupo de pessoas, pois “os pacientes da reumatologia têm doenças severas autoimunes tomam imunossupressores que também mexem com o sistema imunológico, e queremos ver até que ponto essas vacinas vão ser efetivas. Se tem alguma situação que é diferente das pessoas que não tem doenças autoimune”. 

Funcionamento do estudo

No Brasil inteiro, 2 mil pessoas devem participar da pesquisa, que além do HGF, será realizado em outros 11 centros: São Paulo (Unifesp), Goiânia (UFG), Porto Alegre (UFRGS), Belo Horizonte (UFMG), Juiz de Fora (UFJF), Manaus (Ufam), Rio de Janeiro (UFF), Vitória (Ufes), João Pessoa (UFPB), Brasília (UnB/Ebserh) e Curitiba (Edumed).

“Vamos colher exames desse paciente, fazer uma avaliação clínica reumatológica e depois esses pacientes serão vacinados. Com um mês, fazem nova avaliação laboratorial e alguns pacientes vão para a segunda dose da vacina, no caso da CoronaVac, e depois de três meses da Pfizer e Astrazeneca. São seis coletas no ano. No primeiro dia, com um mês, com três, seis, nove e 12 meses".   
Rejane Abreu
Pesquisadora e reumatologista do HGF

O material coletado será enviado ao laboratório da Escola Paulista de Medicina (EPM) para análise de resultados. 

As vacinas usadas no estudo são doses extras, não incluídas na contagem da atual campanha de vacinação do Programa Nacional de Imunizações (PNI). No vacinômetro da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) consta a doação de 219 doses, sendo 99 de Coronavac e 120 da Astrazeneca. As doses da Pfizer ainda não estão no vacinômetro. 

Veja lista de Doenças Reumáticas Imunomediadas:

  • Artrite reumatoide;
  • Lúpus;
  • Eritematoso sistêmico;
  • Espondiloartrites;
  • Síndrome de Sjögren;
  • Síndrome de sobreposição;
  • Vasculites e esclero sistêmicas;
  • Artrite psoriática;
  • Doença de Behçet;
  • Esclerose sistêmica;
  • Miopatias inflamatórias;
  • Síndrome intestinal inflamatória;
  • Doença mista do tecido conjuntivo (DMTC).

 

Para quem se enquadra nos critérios e deseja ser voluntário no estudo é possível acessar o formulário de pré-cadastro aqui.